As ruas que antes eram ocupadas pelos sindicalistas agora são também da classe média
Os protestos contra a presidente Dilma Rousseff pedindo a urgência do seu impeachment, o fim da corrupção no país e a prisão do presidente Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro mostram uma nova cara das classes média e média alta do Brasil, indo às ruas, o que não acontecia há muitos anos.
Revela, ainda, que as ruas não são mais restritas aos movimentos sociais e ao sindicalismo, nem ao povão que é levado como 'massa de manobra". A passeata que aconteceu na Barra neste domingo, 13, em Salvador, revelou bem essa face da classe média, sem medo de ser feliz, gritando, expondo também suas idéias.
No sentido clássico da palavra não havia povo nos protestos de hoje na Bahia. Existia, no entanto, uma parcela significativa da população e que sofre bastante com a crise porque são assalariados, pequenos empresários, profissionais liberais, exatamente as categorias que mais pagam impostos no país.
E que, na maioria das eleições, assiste os programas de televisão eleitorais calados, votamos calados e não fazem protestos.
Mas o que estamos presenciando é uma mudança de comportamento dessas pessoas diante da corrupção endêmica que se estabeleceu no país, mais recentemente revelada pela Operação Lava-Jato, numa proporção tão escandalosa que assusta até as almas do outro mundo.
As pessoas estão mais expostas, conduzem cartazes com protestos, não se escondem de fotos - pelo contrário - e mostram que estão dispostos a fazer valer a sua voz, o seu valor. Não aceitam mais calados que haja impunidade tão alarmante no país e exigem que aqueles praticam sejam levados a julgamento e a cadeia.
Daí que muitas manifestações foram direcionadas na defesa e no fortalecimento do juiz Sérgio Moro, da continuidade do trabalho da Policia Federal e manter viva as instituições do país, especialmente as jurídicas.