Colunistas / Política
Tasso Franco

A DIFICIL MISSÃO de Marcelo Nilo se tornar uma 3ª via politica

Trabalho que vai depender muito do próprio Marcelo e não do grupo em sí
25/02/2016 às 11:00
 1. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, anunciou nesta quarta-feira, 24, o que considera o nascer de um "novo grupo politico na Bahia" capitaneado por ele na legenda do PSL, partido que dirigirá no estado e se filiará no próximo dia 3, com mais 6 deputados estaduais - Euclides Fernandes (PDT), Vitor Bonfim (PDT), Reinaldo Braga (PR), Jurandy Oliveira (PRP), Paulo Câmera (PDT) e Nelson Leal Filho (PSL). 

   2. Com isso, forma a terceira maior bancada na Assembleia (7 deputados e pode vir mais 1) depois do PT e do PSD. Em tese, pelo menos na ALBA é um bloco expressivo, agora reunido numa única sigla, mas cujos deputados já seguiam a liderança política de Nilo. 

   3. A diferença a partir do dia 3 de março é que essa bancada estará abrigada num único partido e deixou o PDT apenas com Roberto Carlos. No mais, a força desse grupo será medida nas eleições municipais de 2016, ainda que não tenha nos seus quadros, nem senador, nem deputado federal, o que significa dizer que dependerá muito do lider Marcelo Nilo de formar uma base política municipalista que lhe garanta futuro, quer numa posição como integrante da chapa majoritária da base petista, em 2018; quer com robustez para se tornar, de fato, um novo grupo político.

   4. Os outros três três grupos políticos mais fortes e que integram a base do governador Rui Costa (PT) têm posições senão consolidades, pelo menos bem estabelecidas. O PP de João Leão na vice-governadoria, com deputados no Congresso e na Assembleia; o PSD de Otto Alencar, com senador e deputados nas duas casas, agora com 9 na Assembleia com a cooptação de Alex da Piatã (PMDB); e o PSB de Lidice da Mata com senadora e deputados nas duas casas. E mais: todos têm prefeitos e vereadores já eleitos e devem ampliar seus quadros, em 2016.

   5. Na atualidade, o que também se comenta com certa certeza nos corredores da Assembleia é o ingresso do senador Walter Pinheiro no PSD de Otto Alencar. E daí? Daí que Otto é municipalista, pode se fortalecer em 2016, fala-se até que Pinheiro pode ser candidato a prefeito de Salvador, em 2016, e se não for (ou se for e não ganhar) o PSD quer Pinheiro para o Senado, em 2018. Estaria Otto trabalhando uma alternativa a um plano B de Rui, em 2018? Tudo é possível na política.

   6. Então, voltando a Marcelo Nilo, ele próprio reconhece que sua missão é árdua, dificil, e vai depender muito do seu esforço pessoal e de sua liderança para conseguir uma base política municipalista forte. É possível? É. E Nilo destaca que, em janeiro de 2017, os prefeitos e vereadores eleitos com sua ajuda, ou aliançados com o PSL, têm que entrar no partido. A tese de Marcelo é simples: só com partido forte e ele comandando suas chances de chegar a majoritária são viáveis. Fora disso, seu caminho é ser deputdo federal.

   7. Marcelo está escaldado de 2014 quando perdeu a indicação do Senado para Otto Alencar e, depois, da vice-governadoria para João Leão. Integrava o PDT, mas não comandava o PDT. O senador João Durval era autônomo, eleito na levada de Jaques Wagner, em 2006; o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, era confiável e ao mesmo tempo inconfiável; e o presidente estadual, Felix Mendonça Jr era seu adversário. Ou seja, a força do PDT era dispersa, enquanto Otto e Leão tinham comando firme no PSD e PP. Daí a opção de Wagner por Otto (seu vice, super-confiável), e Leão (PP estruturado) para compor com Rui. 

   8. O presidente da Assembleia não quer chegar em 2018 nessa mesma situação. Precisar reeleger-se mais uma vez para presidente da Casa (2017/2018), o que não é dificil porque até a oposição vota nele (21 deputados) se for para derrotar um petista, e chegar em 2018 com o PSL grande, forte, estruturado e ele no comando.

   9. Aí tem chances. Isso sem contar com as tais nuvens de Sebastião Nery, os movimentos dos políticos. Nilo forte ficará à cavalheiro para ir onde bem entender ser o melhor para o PSL. Disse hoje na coletiva com a imprensa: "Somos aliados do PT, mas não somos liderados pelo PT" e até deu um exemplo: "o governador Rui é a favor da volta do CPMF e eu sou contra".