DILMA falou como se o governo não tivesse nada a ver coma crise, p/ TFE mais a seca nas regiões Nordeste e Sudeste
Foi tardia a fala da presidente Dilma Rousseff aos 'brasileiros e brasileiras' como ela própria citou-os na televisão. Isso porque isolada no Palácio do Planalto deste a posse para o seu segundo mandato, sem interlocução com o Congresso Nacional e aplicando medidas duras para tentar promover um ajuste fiscal dos desarranjos do seu governo inicial (2010/2014), tenta, agora, por toda culpa na crise internacional da economia e diz que o Brasil vai enfrentá-la de cabeça erguida e não está tão mal como dizem alguns.
Além disso, esqueceu por lapso de memória programado, que a crise da economia brasileira gerada sobretudo pela falta de planejamento e de ações do governo federal, com uma infraestrutura portuária, ferroviária e rodoviária alquebrada, inflação sem controle adequado, 'apagão' energético, aparelhamento da máquina estatal com custeio altissimo não são aspectos que se possam relacionar com a crise internacional, pois, cada país tem seus deveres de casa a cumprir.
Imputar a seca no Nordeste e Sudeste a política confusa de energia no país quando benefícios eleitoreiros foram dados todos sabendo que a conta salgada viria depois das eleições, não tem sentido.
Também querer comparar a 'crise' européia - um bloco - com o Brasil que cresceu 19.9% em 6 anos não tem sentido, pois, se a mesma comparação fosse feita com os países que integram os BRICS - Brasil, Rússia, China, India e África do Sul - ela veria que estamos bem aquém do merecido. Isso sem falar no crescimento dos EUA, mais recentemente com Obama, e os casos da Colômbia, Chile e Peru na América Latina.
A presidente, agora, chama a união a força viva da população - segundo ela que é você, o telespectador - para um pacto - pede paciência entendendo que os problemas serão amainados já a partir do segundo semestre de 2015 ainda que não tenha dado um prazo para fim do remédio amargo organizado em torno do ajuste fiscal, que 'vai durar o quanto necessário'.
Afirmou que o Brasil já superou essas dificuldades no enfrentamento de uma crise internacional, em 2003, no governo Lula, com medidas corretivas no setor produtivo sem alquebrá-lo, agora, vive um segundo momento dessa crise e também vai superar sem prejudicar os trabalhadores, sem mexer nos programas sociais e sem quebrar as empresas. A tese de Dilma é "transformar dificuldades em soluções".
Em momento algum a presidente falou em enxugar a máquina estatal, em torná-la mais eficiente, em combater os desmandos na República e dedicou apenas uma frase ao escândalo da Petrobras classificando-os de "episódios lamentáveis".
Dilma disse ainda que o Brasil tem lastro com reservas de R$371 bilhões de dólares, confia no povo brasileiro, chama-o para ser parceiro nessa hora de sacrificio e entende que vai atravessar o Rubicão numa boa.
A fala - óbvio - trouxe uma dose excessiva de otimismo, a presidente falando como se o governo não tivesse culpa de nada, como se o governo estivesse fazendo seu dever de casa corretamente, como se a população brasileira fosse abestalhada e achasse que é isso mesmo, o governo é bonzinho, correto e vai sair da crise num piscar de olhos a partir de julho, mais tardar em 2016.
A rigor, o país passa por momentos de turbulência a presidente deveria, no mínimo, fazer uma mea culpa, dizer que cometeu algumas falhas, que está corrigindo-as, ou seja, ser mais honesta consigo e com o país.
A fala, portanto, se agradou a base governista, como certeza não acalmará os ânimos, nem da oposição, nem da população que vê, no dia a dia, os problemas crescentes da Nação.