Colunistas / Política
Tasso Franco

WAGNER imita Lula e indica candidato do PT a governador da Bahia

A democracia do PT caiu por terra
30/11/2013 às 10:43
 1. Alguns petistas de longo curso entendem que, o governdor Jaques Wagner ao apontar um preferencial entre os pré-candidatos a governador da Bahia, antes da hora H, quebrou uma tradição no partido de levar até a última instância os debates internos à efetivação do nome. Com isso, ainda que todos soubessem que Rui Costa era o seu preferencial o fato de ter divulgado essa simpatia numa emissora de rádio aniquilou, em parte, os contornos democráticos petistas.

   2. Ademais, desqualificou o presidente da legenda, Jonas Paulo, o qual vinha defendendo (pelo menos no discurso público) uma tentativa de encontrar uma unidade entre os pré-candidatos postos na contenda, isso em nível interno do partido, mesmo sendo o governador Wagner um dos seus integrantes e líder maior. 

   3. Assim, de uma só tacada, tal como Lula fez ao anunciar sua preferência por Dilma Rousseff sem considerar a direção nacional do PT, Wagner repete a mesma lógica e indica Rui Costa. Hoje, o diretório, por unanimidade, referendou o nome de Rui.

   4. Dizer-se que Rui é um candidato tirado do colete do paletó de Wagner tem sentido ainda que não se possa defender essa tese como se Rui fosse um alienígena no PT. Não. Rui tem história no PT, vem da base sindical, foi vereador em Salvador, é deputado federal e secretário de estado, portanto, não se trata de um neófito na política nem um "poste" que saiu do nada. 

   5. Além disso, com competência e méritos, Rui soube construir seu caminho para ser candidato a governador ou como se diz na linguagem popular da política "fez a sua parte".

   6. O fato de outros nomes tradicionais do PT chiaram, casos de Sérgio Gabrielli (primeiro candidato a governador do PT, em 1990, e pouca gente lembra disso) e Walter Pinheiro (20 anos de lutas no partido) é natural que acontecesse até porque, salvo a falácia de Jonas Paulo em torno da sonhada unidade, haviam 4 nomes postos como pré-candidatos e só existe 1 vaga. 

   7. Há quem entenda que a reação, tanto de Gabrielli; quanto de Pinheiro foram uma oitava acima do tom na direção de Wagner, mas, também há de se dizer que foi o governador que provocou a ira dos seus companheiros ao pender excessivamente para o lado de Rui e, finalmente, citá-lo como o preferencial. Hoje, no entanto, com a aclamação de Rui, isso é pasado.

   8. Outros segmentos entendem que as reações poderiam ser até maiores ainda que ninguém acreditasse em rompimento, defecções, entrega de cargos, mudanças de palanque e assim por diante. Não se deve, no entanto, subestimar forças petistas silenciosas que deverão marchar com a senadora Lidice da Mata o que fará com que seus indicadores de aceitação popular em direção a Ondina possa cresçam. 

   9. Ainda é cedo para se saber qual a dimensão desse provável "estouro da boiada" em direção a Lidice, mas, que isso ocorrerá não se tem dúvidas.

   10. Hoje, oportunisticamente, Luiz Caetano, o mais fraco dos pré-candidatos, anunciou logo cedo, em nota, que iria trabalhar para unir Pinheiro e Gabrielli como se estivessem desunidos. Nada disso. Essa missão de tratar com os possíveis dissidentes caberá tão somente ao governador Wagner e da consciência do secretário do Planejamento e do governador. 

   11. Como têm tradições na legenda petista, Gabrielli tem ligações com o presidente Lula e Pinheiro mandato de Senador até 2018, são relativamente jovens, a conciliação é o caminho. E isso não passa por Caetano. Londe dele. O que se viu, hoje, no Diretório, foram Pinheiro e Gabrielli unidos com o projeto petista local e nacional, e, claro, com Rui Costa.
                                                                  
   12. O PT não se divide. Essa máxima vai prevalecendo na Bahia, pelo menos.