A Nova ordem politica nacional prevê prováveis mudanças no comportamento de Wagner diante de sua sucessão. Veja nosso comentário.
1. Os deputados estaduais baianos entraram no recesso de meio do ano só retornando os trabalhos em plenário e nas comissões temáticas em agosto próximo. Parlamentares com quem conversamos, estão ainda atônitos diante de prováveis mudanças que poderão ocorrer nas eleições estaduais de 2014. A maioria acha que ainda é cedo para se ter uma ideia dos reflexos da temporada de protestos no país que já dura 17 dias, mas, da mesma forma admite que a caminhada política vai sofrer alterações.
2. Tudo, claro dependerá da reforma politica que se ensaia com viés vesgo a partir de um plebiscito e não da ação inicial do Congresso para depois ser referendada (ou não). De toda maneira, aquela reeleição que parecia tranquila para a presidente Dilma Rousseff deixa de ter esta condição e passa a ser preocupante. Daí que, no cenário baiano, que nos interessa em particular, poderá haver uma mudança substancial no comportamento do governador Wagner.
3. Se antes, o gov trabalhava com as possibilidades, como o próprio já deixou escapar em entrevistas, de se candidatar a deputado federal; e/ou ficar no cargo até o final do mandando na aspiração de ser ministro num segudo governo Dilma, a qual marchava para uma reeleição sem sobressaltos. Agora, diante dessa incerteza, pois, os protestos pegaram em cheio na imagem do governo petista, deputados acreditam que Wagner vai estreitar as duas possibilidades, ficando apenas com uma delas, de ser candidato a deputado e garantindo, assim, um mandato a partir de 2014.
4. Como esta eleição de Wagner para a Câmara Federal é mais do que certa, ainda reforçaria a bancada de sua coligação, admitindo-se que Dilma seja reeleita, nada o impede de ser ministro. Não sendo reeleita mantém com voz ativa na Câmara dos Deputados. Assim, a chapa seria (em tese) Rui Costa para governador (PT); o vice do PP; e Otto Alencar (PSD), ao Senado.
5. No caso de Wagner ser candidato a deputado terá que se desencompatibilizar do cargo (pela atual lei eleitoral) em 30 de abril, passando, assim, o cargo ao vice. Sendo Otto candidato ao Senado, o terceiro na linha da sucessão é o presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT), o qual seria eleito pelo colegiado da Assembleia, para um mandato tampão de 9 meses.
6. Há, no entanto, também a hipótese de Wagner enviar a Assembleia o nome de Rui Costa para ser governador tampão, o que é admissível. o próprio Rui Costa comandando sua reeleição no cargo de governador tampão. A questão aí é saber se na tal da reforma política em curso será mantida a possibilidade de reeleição dos governadores e prefeitos.
7. Na Bahia, no ano de 1994, já aconteceu um fato dessa natureza, noutra dimensão e sem essa crise de protestos nas ruas, quando ACM, eleito governador em 1990 pelo voto direto deixou o governo para ser candidato a senador e seu vice, Paulo Souto, tb teve que se desencompatibilizar para ser candidato a governador. Com a governadoria vaga, ACM imaginava fazer Raimundo Brito, seu secretário na área da Ind e Com e jurista por profissão, governador tampão.
8. Até hoje esse episódio nunca foi bem explicado, mas, o certo é que a Casa Civil perdeu o prazo para mandar o nome de Brito à Assembleia, e o governador tampão acabou sendo Antonio Imbassahy, o qual era presidente da Assembleia. Imbassahy, então, comandou a eleição de Souto e ACM na condição de governador, embora o líder político maior fosse ACM.
9. Agora, vive-se uma situação parecida caso Wagner seja candidato a deputado e Otto a senador. Sendo Marcelo Nilo e/ou Rui Costa o governador tampão, o líder do processo eleitoral na base continuará sendo Wagner. Seria a história se repetindo, num modelo bastante parecido, quase 20 anos depois de 1994.