Rebelião do PMDB na votação da MP dos Portos visa as eleições de 2014
1. A aprovação da MP dos Portos foi uma vitória do governo da presidente Dilma Rousseff (PT), a qual procura modernizar as estruturas portuárias nacionais estatizadas à moda petista em época recente (e historicamente), e que precisam ter competitividade no mundo globalizado. O Brasil assistiu ao crescimento raquítico do PIB (0.9%) ano passado, distante dos seus concorrentes dos BRICS e corre atrás do prejuízio.
2. Dilma está correta e encontra resistência em sua base governamental, tanto por parte de segmentos petistas sindicais encastelados na CUT e nos portos; quanto no PMDB. Privatizar é o caminho e a presidente já adotou medidas assemelhadas nos aeroportos, os quais se encontram saturados. Nesta semana, no Rio, por 9 horas o Santos Dumont ficou fora de operação, diante chuvas moderadas que cairam na cidade.
3. No caso da MP dos Portos o governo teve que aplicar a politica do "toma lá;dá cá" com o Ministério da Fazenda anunciando a liberação de R$125 milhões para produtores de cana atingidos pela seca, agrado ao lider do PP, Arthur Lira (AL), o qual conseguiu 25 dos 37 deputados no plenário; e autorização de novas lavras de minas pelo ministro Lobão, em Minas, Bahia e Santa Catarina para investimentos futuros de R$20 bilhões.
4. Mas, a questão mais radical levantada na votação, na Câmara, deu-se pela liderança do PMDB, deputado Eduardo Cunha - PMDB/RJ (nunca se sabe se com o apoio camuflado do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB) que apresentou emendas ao projeto e deixou claro que, em tese, o que está em jogo é a sobrevivência do PMDB nas eleições de 2014.
5. O PMDB teme o rolo compressor do PT nas eleições de 2014, como já ocorreu em 2012 com a perda de 15% das prefeituras, e tenha uma redução de sua bancada na Câmara de 80 para 60 deputados. Daí que cobra desde já uma posição mais clara do governo com a bancada, a liberação de emendas parlamentares, o fim das politicas públicas diretamente com municípios deixando os parlamentares de lado (salvo os do PT) e, se não ameaça deixar a base governista, trabalha com uma janela aberta a alianças com outros partidos.
6. Ou seja, o PMDB deu um sinal de alerta que deseja melhor tratamento do governo senão vai engrossar o caldo, pelo menos na Câmara. No Senado, com os senadores peemedebistas refastelados, a situação é outra. Céu de brigadeiro e a MP passou mais rápido do que o concorde. Hoje, o PSDB fez sua convenção nacional e deu posse ao novo presidente do partido, senador Aécio Neves, com o partido (aparentemente) unido e todos os "cardeais" presentes.
7. O PMDB é o aliado mais importante do governo. Tanto que o vice-presidente Michel Temer é do PMDB. Dizer ou supor que Temer saiu desgastado com a presidente Dilma no episódio da MP dos portos é prematuro. Que teve fissura, isso não há dúvida. Agora é acompanhar o desdobramento desse episódio nas votações futuras. O PT sabe que ganhou, porém, ameniza o clima de confronto com o PMDB. Renan (presidente do Senado) também ganhou e Eduardo Cunha se destacou.
8. Percebe-se, portanto, novos personagens no cenário peemedebista e na própria filolofia do partido. É, de fato, uma questão de sobrevivência.