Censura nunca mais
1. A greve dos professores da rede pública estadual que ainda segue aos "trancos e barrancos" com mais de 100 dias, trouxe no seu contexto uma novidade ameaçadora à imprensa baiana, como se os profissionais de comunicação dos veiculos estivessem, digamos assim, a grosso modo, obrigados a serem simpáticos ao movimento. A imprensa é livre e pode tomar a posição que quiser, a favor ou contra a greve, assim como se manifestar a favor ou contra o governo ou qualquer outro "ator" que esteja envolvido no processo.
2. Cabe tão somente ao leitor, ao cidadão, discernir se o trabalho de tal ou qual veículo está sendo conduzido com honestidade. Ainda assim, mesmo aqueles que por algum motivo estejam mais simpáticos ao governo, mais engajados com os professores, mais amigos da Assembleia e ou/ com o Ministério Público as opiniões são livres e soberanas, não cabendo censuras e muito menos patrulhamento.
3. O que se verificou na ocupação do saguão da Assembleia, ponto de concentração do movimento, foi que alguns sindicalistas e professores olhavam profissionais de imprensa com repulsa. Nós mesmo, do BJÁ, fomos alguns vezes questionados por pessoas que estavam o saguão da ALBA, quem éramos e assim por diante. E outros profissionais de diferentes veiculos tb sofreram esses maus-olhares e se chegou até em falar numa ação judicial contra o jornalista Levi Vasconcelos, A Tarde.
4. De nossa parte vamos continuar adotando o princípio da igualdade, com espaços para todos neste e noutros movimentos que aconteçam na Bahia. Agora, nossa opinião será soberana e vamos seguir os fatos como eles se apresentam. No momento, a greve extrapolou todos os limites do bom senso, os prejuizos são enormes para o alunado, e estranha-se que um governo que se diz republicano até hoje não tenha sentado na Mesa Setorial de Negociações dos Professores para resolver o impasse.
5. Entendemos, tb, que o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, adotou um procedimento correto e legal ao solicitar à Justiça a reintegração do saguão da Assembleia; que o arcebispo e o MP bem que tentaram intermediar uma negociação pelo fim da greve; que a oposição na Assembleia cumpriu bem seu papel; que a base governista (salvo raras exceções) abandonou o governador Wagner, e pior fez sua bancada federal e os senadores. Parece até que a greve acontece na França.
6. A imprensa, de sua parte, se comportou muito bem e deu uma ampla cobertura aos acontecimentos. Agora, censura, meus caros; alinhamentos, engajamentos, isso é coisa do jornalismo panfletário.