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1. A participação da senadora Lídice da Mata (PSB) na campanha de Nelson Pelegrino (PT) é de grande importância para este candidato a prefeito da capital. A questão é saber, e isso tem sido comentado nos corredores da Assembleia Legislativa, qual a dimensão desse engajamento. Lídice, por baixo e de acordo com as pesquisas de opinião tem um eleitorado cativo em torno de 10 a 15%, desde que se recuperou do desastre que foi sua administração na capital (1993/1996), a pior prefeita em 4 anos, segundo DataFolha entre capitais pesquisadas de RMs.
2. Há, nesse contexto, um novo complicador nas relações do PT com o PSB desde que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, se pré-lançou candidato a presidência da República, em 2014. Hoje, Campos voltou a defender uma alternância de poder no governo central do país e disse que o PT atrapalha mais a administração da presidente Dilma, do que o PSB. O que isso mexe nas relações Lídice/Pelegrino não se sabe, mas, que tem reflexos, sem dúvida.
3. A presidente Dilma em troco a ousadia de Campos desde que o PT se insurgiu contra a reeleição do prefeito de Recife, João da Costa, PT, candidato do governador, para apoiar a candidatura do senador Humberto Costa, numa atropelada típica do PT, lançou o ex-ministro Patrus Ananias como candidato do PT em Belo Horizonte quebrando a aliança com o PSB do prefeito Marcos Lacerda, candidato à reeleição com o apoio do governador Anastasia e de Aécio Neves.
4. Ficou assim: Recife terá um candidato do PSB a prefeito Geraldo Júlio, com apoio do governador e de segmentos da Prefeitura e do prefeito João da Costa (PT); e o PT vai com o senador Humberto Costa; e em Belo Horizonte, Marcos Lacerda (PSB) enfrenta Patrus Ananias com o apoio de Dilma e do ministro Fernando Pimentel, o qual já foi prefeito de BH e deve imensos favores a Dilma, embra, no íntimo não comungue com Patrus.
5. Vê-se, pois, que essa é uma disputa de olho em 2014. Ou seja, o candidato do PT em SP, Fernando Haddad, é de Lula; e o candidato do PT em Minas (BH) é de Dilma; e o candidato do PT em Recife é de Lula/Dilma, mais de Lula. Como então fica a cidade do Salvador e Nelson Pelegrino? Ora, Pelegrino está no 4º mandato como deputado federal, portanto, mais próximo historicamente de Lula. Além disso, Wagner é um dos fundadores do PT com Lula. Então, Pelegrino é mais candidato de Lula/Wagner do que de Dilma.
6. Acontece que depois de SP, BH e Recife (o Rio não conta porque Eduardo Paes está praticamente eleito) Salvador é a cidade mais importante para o PT, politicamente. A senadora Lídice, ao que se diz, cumpriu o acordo que teria com Wagner, o qual a elegeu senadora no camburão de votos de 2010, e não saiu candidata a prefeita, o que, quase certamente, não levaria Pelegrino ao segundo turno. Lídice paga, portanto, seu preço, no momento.
7. Mas, a senadora já disse que apoio não significa "submissão" em nota de sua assessoria. Então, deseja, em 2014, uma recíproca, ou pelo menos ter o direito de ser candidata a governadora. O PT é cruel. Agora mesmo vetou a candidatura Alice Portugal, PCdoB, a prefeita. Lidice não gostaria que isso se repetisse, em 2014, com ela. Além do que, em sendo Eduardo Campos candidato a presidência, o PSB vai postular candidaturas próprias nos estados. E aí, Lídice não pode dizer não.
8. A questão é que o PT já tem pré-candidatos a governador, em 2014, e o partido, por ter um governador do Estado, não vai apoiar uma candidata do PSB. Lídice, portanto, deve trilhar em aliança com outros partidos. Exclua-se, desde já, o PMDB, com Geddel Vieira Lima; o PP, com João Henrique.
9. Daí, o drama, não diria que chegue a ser um drama, a posição de Lidice no apoio a Pelegrino. Que vai ter vai, porque a senadora já deu sua palavra e a aliança está feita. Agora, se Lidice vai entrar de corpo e alma na campanha aí são outros quinhentos. Vamos acompanhar. Nosso sentimento é que a senadora irá para a campanha de Pelegrino em termos, só de corpo.
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