Chegou a hora de mostrar a mudança na Bahia
Foi lançado um movimento pelo Fórum Empresarial da Bahia que reúne 20 associações e federações, incluindo as do comércio, da indústria, da agricultura, da pecuária, da publicidade, da construção civil e outras advogando que o Estado integre o horário de verão. Essa campanha, que já tem uma marca, "Eu quero 1 hora no meu dia", lembra, em certo sentido, o desenlace pela privatização dos cartórios judiciais.
A Bahia precisa ter um olhar de modernidade para as coisas que acontecem no mundo e até por sua localização geográfica e pela matriz dos seus negócios, não deveria viver distanciada do Centro-Sul do país, onde se concentram 81.4% da economia nacional, o poder político, o poder jurídico, e o grosso dos acontecimentos da cultura, do lazer, dos show bizz e assim por diante.
Nada contra o Norte/Nordeste. Pelo contrário: essas duas regiões deveriam estar integradas ao Brasil e não como acontece agora, no Rio Grande do Sul, Paraná e SC que desejam, em parte, fundar um outro país. Mas, a realidade é que a Bahia está visceralmente vinculada ao Centro-Sul e não deveria estar dissociada com esse fuso horário, uma hora a mais durante três meses, que só faz lhe prejudicar.
Já chega o fato de que a região Oeste do Estado deseja instituir o Estado do São Francisco, proposta apresentada pelo deputado Oziel Oliveira (PDT), da base do governo, e que tem entre seus defensores o vice-governador Otto Alencar, os deputados dessa região na Assembleia, os prefeitos, Câmaras de Vereadores, o deputado João Leão, do PP, e outros.
Esse pessoal do Oeste, especialmente do agronegócio, está muito mais vinculado a Bolsa de Valores de São Paulo, ao mercado futuro de Chicago, do que com Salvador. E a ligação de Barreiras, até pela proximidade, é muito mais com Brasília do que com a capital baiana; assim como Teixeira de Freitas e Mucuri se relacionam mais com Vitória, no Espírito Santo.
O governo Wagner já pegou o bonde andando. A Bahia está fora do horário de verão desde a época da novela Pantanal e as razões que levaram o estado a aderir a esse atraso incluem até opiniões de setores da midia, de um radialista que não queria acordar cedo. Ultimamente, a Federação dos Trabalhadores da Agricultura foi contra aderir ao horário de verão.
Wagner não é contra a idéia da Bahia dentro do horário de verão. Mas, sendo político, e certamente sem ter uma base de auferição junto ao grande público, já contaminado (o povo) pela idéia (até cultural) de que o trabalhador seria prejudicado porque acordaria mais cedo, estuda uma medida ampla. Ou seja: uma adesão total do Norte e Nordeste.
É uma boa idéia. E, se for assim, que seja. A Bahia é que não pode ficar nesse marca-passo: cartórios que não funcionam, transporte público que não presta, fora dos circuitos e eventos internacionais da cultura, conferências pra tudo que é assunto sem resolver nada, e, por cima, fora de sintonia com o horário de verão.
Se o governador e seus partidários dizem que a Bahia está mudando, está vivendo uma nova fase, taí mais um empurrãozinho nesse "carro enferrujado".