E mija na rua, faz terra de sunga no ônibus e assim por diante
Foto: BJÁ |
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Avenida Diagonal, Lima, com cafés e restaurantes nas calçadas sem assédio à turistas |
Vou pegar o gancho de Jupiraci Borges, do Movimento pela Paz, e reforçar a tese de que sem cidadania não existe turismo sustentável, essa atividade econômica de forma profissional e sem molestar as pessoas. Em Lima, Peru, vejo quanto estamos ainda atrasados, mesmo na América Latinha, em relação a esses valores essenciais à vida das pessoas e à atividade turística.
Ora, Lima é uma cidade mais rica econômicamente do que Salvador, mas, tem algumas características muito parecidas em relação à pobreza, a vários assentamentos subnormais na periferia, aqui chamados favelas e em Salvador invasões, mas o grau de cidadania entre as duas civilizações são diferenciados. E, nesse aspecto, a baianada tem ainda muito o que aprender.
E não venham me justificar que Salvador é pobre, que a cultura da colonização atrapalhou, que as desigualdades sociais são intensas, porque em Lima também aconteceram esaas mesmas peculiaridades, e os espanhóis colonizadores só faltaram raspar o ouro e a prata do tacho peruano até o último soles.
Em Lima, nas áreas turístics, nos parques, nos centros comericias à céu aberto ninguém é importunado por vendedores de milhos assados, amendoins, colares, bugingangas de toda ordem como acontece em Salvador. Há um respeito pela cidadania incorporado à cultura local e as famílias mais pobres vão aos parques em picniques desfrutar do lazer, tudo na santa paz.
Agora, sente na Cantina da Lua, na Praça do Terreiro de Jesus, para tomar um chope veja o que acontece! Outro dia um camarada queria me vender um espeto de camarões fritos com uma rodela de cebola na ponta. Ou se preferir vá na Barra, no Habeas Copus, que é uma área da classe média. No mínimo lhe oferecem um pacote de amendoins.
Se você se arriscar a fazer uma visita ao Forte de Santo Antonio, Farol da Barra, será assediado por vendedores de óculos, bolsas, colares, CDs piradas, caldo de cana, chapéus e tudo mais, incluindo crack e maconha.
Outro detalhe também relacionado à cidadania: a Polícia em Lima atua com firmeza, se alguém quer atravessar uma praça de bicicleta tem que descer do veículo, no lugar que é proibido estacionar é proibido, ônibus de turismo só para em local autorizado, e em nada se assemelham as policiais baianos no centro histórico e nos parques que são mais contemplativos.
Se um camarada mijar na Praça da Sé e um policial assistir não faz nada. Essa é a diferença. A Guarda Municipal de Salvador é mais contemplativa ainda. Às vezes têm 4 a 5 GMs no parque da Avenida Centenário batendo papo e os cachorros das madames fazem coco na grama e ninguém diz nada.
Portanto, minha gente, ainda estamos engatinhando em termos de cidadania.