Colunistas / Política
Tasso Franco

JH FAZ REFORMA NA GESTÃO PARA SOBREVIVER NA POLÍTICA

Não existe outra explicação
04/01/2011 às 18:00
Foto: SECOM
JH se afasta ainda mais de Geddel e do PMDB e se aproxima de ACM Neto
A ampla reforma político-administrativa feita pelo prefeito João Henrique (PMDB) no início deste ano só surpreendeu aqueles que não acompanham a política, em Salvador, e o estilo do chefe do Executivo Municipal, o qual sempre colocou em primeiro plano a sua personalidade, independente de acordos, amizades, bom senso e outros atributos. JH é JH e pronto.

  Desta feita, ao conduzir o vereador Alfredo Mangueira (PMDB) para a Casa Civil, em atitude ousada, porque Mangueira teve seu nome vetado para ser presidente da Câmara diante de sua notória relação com o jogo do bicho, e a Casa Civil é o espelho do governo, a porta de entrada da administração via gabinete, o faz para tentar apaziguar a Casa Legislativa e, em síntese, ter seu projetos e contas aprovados.
 
  Mangueira é um vereador bem relacionado na Câmara e, ainda que haja dissidências em diferentes blocos em relação ao prefeito, hoje, então, surgiu mais um Grupo Independente constituido por 6 vereadores falando em autonomia e valoração da cidadania, o novo chefe da Casa Civil deverá fazer o possível (e o impossível) para atender a Casa Legislativa, para obter êxito. E isso ele tira de letra.

  A questão é que vereadores gostam de obras nos bairros e isso custa dinheiro. E, no momento, a Prefeitura passa por dificuldades financeiras com o prefeito mexendo mais uma vez na cúpula da SEFAZ, colocando, desta feita, Joaquim Menezes Bahia, ex-SEFAZ de Feira de Santana na gestão José Ronaldo de Carvalho, considerado um técnico competente. 

  Em Feira, Joaquim Bahia conseguiu o 4º maior crescimento de arrecadação municipal do país, o equilíbrio pleno das contas públicas, pagamentos regulares e a aprovação de contas sem ressalvas por sete anos seguidos, algo inédito no estado. O problema é que JH é político nato e, como tal, gosta de gastar.

  Uma outra questão que se notou nesse nova reforma político-administrativa do prefeito foi sua aproximação ainda maior com o deputado ACM Neto e o afastamento com Geddel. Saúde, SESP e SEFAZ sairam do âmbito de Geddel e do PMDB de vez, o qual socorreu o prefeito na crise de rejeição, no início de 2008.


* Em tempo: Alfredo Mangueira renunciou ao cargo de chefe da Casa Civil nesta quarta-feira devido pressões

  A eleição de Pedro Godinho (PMDB) no último domingo, pode-se afirmar que foi uma vitória do PMDB diferenciada da vitória de Alan Sanches (PMDB), porque com Alan houve uma força maior de Geddel e do partido, imposição da maioria com a vitória eleitoral de 2008.

  E, agora, a ascensão de Godinho deu-se com negociações, acordos e o avanço da oposição em duas posições na Mesa. O PT só tinha Vâna Galvão na 2ª secretaria e agora tem Moisés Rocha na 2ª secretaria e Olivia Santana (PCdoB) na ouvidoria, no lugar de Odiosvaldo Vigas (PDT).

  Ademais, na nova Mesa da Câmara nada passa sem acordo porque dos nove vereadores apenas três são alinhados com o prefeito. Dois são da oposição e quatro de blocos independentes.

  Vê-se, pois, que Mangueira vai suar em bicas. E JH fica mais livre, mais solto, para fazer o que mais gosta: política. Agradar a gregos, troianos e baianos para sobreviver politicamente a partir de 2012. A reforma, na minha opinião, tem esse sentido básico.