Essa é a questão primordial
O governador Jaques Wagner (PT) afirmou durante ato de sua diplomação no TRE para o exercício do mandato entre 2011/2014, que fará o próximo governo amparado no binômio "continuidade e renovação", sintonizado com o projeto Lula/Dilma já expresso pela presidente de promover um governo de "continuidade e criatividade".
Até agora, a presidente tem cumprido parte do que garantiu dando suporte à continuidade, mantendo a filosofia e ministros do governo Lula, mas não deu sinais, pelo menos até agora, de qualquer indício de criatividade.
Pelo contrário, ao manter Edison Lobão, em Minas e Energia; Wagner Rossi, na Agricultura; e aceitar Pedro Novais, como ministro do Turismo; e Garivaldi Alves, na Previdência, dá sinais de conservadorismo e atraso.
De igual modo, e em outra vertente, ao manter Fernando Hadaad, na Educação; e Guido Mantega, na Fazenda, sinais de estabilidade e manutenção de programas de longo prazo, mantendo a política do Plano Real, e as metas de 20 anos traçadas para a Educação. Talvez sua melhor ação (no campo criativo) tenda sido colocar Paulo Bernardo, nas Comunicações.
Sobre o novo governo Wagner ainda não se pode comentar com maior precisão. O governador ao estabelecer o binômio "continuidade e renovação" deixa claro que manterá algumas peças no seu governo, e a mesma filosofia de trabalho da primeira gestão (2007/2010), sinais de continuidade; e deixa em aberto a renovação, certamente aguardando a montagem das últimas peças do governo Dilma, para então mexer no seu tabuleiro de xadrez. Isso não significa dizer que se trata de renovação no sentido amplo da palavra, porque pode alterar peças sem esse conteúdo.
De igual modo poderá exigir dos seus auxiliares que serão mantidos nos cargos uma maior dose de renovação, entendendo-se programas inovadores, aspectos mais criativos e assim por diante. A Educação, por exemplo, necessita desse aporte. O programa de maior visibilidade do governo é o TOPA, de alfabetização de adultos, quando, o mais importante está na base, no ensino de 2º grau. E, nesse campo, o governo é apenas burocrático.
A SEFAZ é outro órgão que necessita de um sopro de criatividade, embora tenha desempenhando seu papel dentros dos limites da LRF. Observando-se o desempenho de outros estados em relação a arrecadação do ICMS, a Bahia ficou a desejar. E salvo o Refis imposto pela crise de 2009, não apresentou nenhum programa que pudesse avançar na questão tributária.
A Saúde foi o setor que mais avançou no governo Wagner. Quando se imaginava (começou assim) que predominasse uma política estatizante, Solla mudou o eixo e sintonizou a SESAB com as práticas mais modernas de gestão, adotando PPPs e terceirizando serviços, os quais, se tivessem sido mantidos no âmbito estatal não teriam a mesma eficácia. Um exemplo disso são os gerenciamentos dos Hospitais Geral do Subúrbio e da Criança em Feira de Santana. A SESAB está na contra-mão da norma pétria sindical do PT e deslanchou.
A Segurança foi (e é) o calcanhar de Aquiles do governo. Trabalha-se muito, mas as estruturas de inteligência e gerenciamento são arcaicas e corporativistas. É também o setor mais complicado e difícil de ser administrado porque envolve crimes e tráfico de drogas, dois segmentos que andam juntos, movem milhões de reais em recursos, e são movimentos que seduzem muitos jovens incautos. Hoje, pelo menos em termos de autoridades, está estruturado e é possível que seja mantido.
O grande desafio do segundo governo Wagner em nossa opinião está na atração de novos investimentos para a Bahia, o que requer ações da Casa Civil, Comércio Indústria e Mineração e Infra-Estrutura, entre outros. E ações conjuntas com a bancada da Bahia no Congresso Nacional.
O governo tem que apostar todas suas fichas nesse segmento aproveitando a planta que já está instalada no seu parque automotivo, na petroquímica, na mineração e metalurgia. Os projetos estruturantes da linha Oeste e do novo vetor de crescimento com Porto da Tulha e Ferrovia Oeste Leste são de longo prazo e, provavelmente, não serão concluidos até 2014.
A Bahia tem que gritar mais alto. Wagner diz que não é de tocar bumbo. Mas, em determinados momentos tem que tocar. Ou toca, ou perde posições. E o troar do tambor será mais alto dependendo da eficiência de sua equipe.