Colunistas / Política
Tasso Franco

NOVO OLHAR NA DISPUTA MARINA X SERRA

Segundo turno é outra eleição
05/10/2010 às 19:02
Tem muita gente dizendo que vai se empenhar de corpo e alma nas candidaturas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) nas eleições do segundo turno. no próximo dia 31, mais jogando para a platéia e para seus interesses políticos pessoais e partidários, do que efetivamente podem fazer.
 
    Não adianta sair percorrendo o estado de ponta-a-ponta como já anunciou um desses políticos porque vive-se uma outra dimensão eleitoral sem motivações regionais, e esse tipo de ação se torna inóquoa.

    Segundo turno é uma eleição diferenciada, desmotivadora em corpo-a-corpo e sinalizações para o eleitorado do tipo carreatas, comícios e caminhadas salvo quando ocorre segundo turno nas regionais. Ainda assim, senadores e deputados já estão eleitos, outros derrotados, há mudanças de humor e trajetórias políticas, sendo mais aconselhável usar os meios de comunicação de massa (rádio e tv) para passar as mensagens finais de convencimento ao eleitorado.

   No caso da Bahia, por exemplo, cessou o embate regional no primeiro turno. Wagner, o vencedor, está a mil tentando eleger Dilma Rousseff. Souto, o derrotado, não teria sequer motivações para estar a 500 porque o PSDB local o abandonou. Geddel, o segundo perdedor, foi traído por Dilma e pode até aceitar uma decisão partidária de seguir no projeto Dilma/Temer, porém, duvida-se que vá arregarçar as mangas. Bassuma (PV), de sua parte, já disse que seu apoio pessoal vai para José Serra.

   O quadro na Bahia, mesmo antes de começar a tal campanha "provável" de segundo turno, já se modificou. O PMDB está magoado com Lula/Dilma e suas lideranças regionais vão migrar para Serra. Não tem Geddel que segure. É a lógica embalada pela dor da derrota. Já ouvimos isso de alguns políticos.

   Que motivação teria o deputado federal Colbert Martins Filho (PMDB), de Feira de Santana, derrotado, para sair pedindo voto para Dilma? Motivação zero. Ou cruza os braços ou manda votar em Serra.

   E o senador César Borges (PR) que atitude tomaria? Político de partido sempre foi. Mas é também velejador. No máximo segue a norma partidária no apoio a Dilma e depois coloca a vela ao mar. Foi mordido duplamente por Lula e Dilma e essa ferida não se cura assim de uma hora para outra.

   Hoje, o grande diferencial da campanha é Marina Silva (PV) com quase seus 20% de votos. Para onde ela pender pode decidir. Se apoiar Dilma, adeus Serra. Se apoiar Serra, o "tucano" tem chances reais de vitória. Na prática política, quem está à frente com quase 50% dos votos (caso de Dilma) leva a eleição no segundo turno. Aconteceu com Lula/Serra; Lula/Alckmin.

  Evidente que Marina não transfere automaticamente os 20% dos votos. Isso não existe. Mas, para onde ela pender, um percentual significativo segue com ela. É só lembrar da eleição de João Henrique, em 2004. Ele foi ao segundo turno com César Borges e Lídice e Pelegrino o apoiaram no segundo turno. João teve quase 50% no primeiro turno e chegou a mais de 70% no segundo. César empacou nos 20%.

   Mesmo na Bahia, onde Lula/Wagner são fortíssimos, Dilma não repetirá a votação do primeiro turno (62.62%). Não há como. E ninguém vai fazer campanha coisa alguma como aconteceu no 1º turno. Tudo conversa fiada. O modelo é outro, a forma é outra e o conteúdo também. Além do que, o eleitor fica com o sentido mais aguçado e escolhe sem pressa e sem pressões.