Propaganda é a vilã da campanha na Bahia
Foto: BJÁ |
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A campanha política na Bahia está chegando a sua reta final com pouco jornalismo tanto por parte dos candidatos em seus programas eleitorais; quanto por parte da imprensa local, a qual investiga pouco ou quase nada e fica à reboque do que dizem os postulantes ao Congresso Nacional e integrantes das chapas majoritárias.
O tema mais polêmico dessa campanha, a propaganda do governo do estado, é um exemplo disso. O governo diz uma coisa, a oposição diz outra, e a imprensa se limita a repassar números sem ir à campo verificar se o que falam é verdadeiro ou não.
A Tarde, rara exceção, ainda fez uma série sobre a realidade da Bahia em 26 matérias de páginas e abordou a atuação suspeita de uma ONG responsável pela construção de cisternas. Os números dos recursos liberados com o que se realizou, ou que se deveria realizar, não batem. Fala-se em 40.000 cistenas, segundo uma candidata a ALBA, um número completamente fora da realidade terrena.
Os programas de Geddel e Paulo Souto abordaram os temas da segurança pública, saúde, educação e infra-estrutura sem uma investigação própria do jornalismo e se limitaram a reprodução de manchetes de jornais e edições mal feitas, como aconteceu no programa do DEM sobre as habitações populares inacabadas.
O TOPA, objeto de uma interminável discussão sobre a sua eficácia e com números tão discrepantes de pessoas atendidas (68 mil, 400 mil, 600 mil, 1.000.000!) não mereceu uma atenção especial. Sequer uma equipe visitou uma sala de aula do TOPA. Salvo, evidente, a de Wagner em combinação televisiva perfeita.
Os números dos feitos divulgados pelo governo são elevados e fica a dúvida se na contabilidade do que se realizou o tempo da gestão daria para se fazer tanto. No caso da construção de estradas fala-se em 4.000 km (antes eram 10.000) e uma autoridade estatal mencionou em debate que são 2.024!
É claro que fazer jornalismo com pouco tempo de TV e com programa em dias alternados é difícil. Complicado, diria. Mas, quando se elege um tema e se aprofunda nele, o que nenhum dos candidatos fez (Wagner também não contextualizou as realizações e os números apresentados por Geddel) tem-se uma boa base de argumentos.
Falar como base em dados do IBGE, como está fazendo agora Paulo Souto tem algum impacto, Mas, fica sempre a dúvida de quem tem a razão, quem está expondo a verdade.
Uma coisa é consensual nesta campanha: a propaganda do governo é a vilã do processo e o carimbo já foi colocado nos ombros de Wagner. Agora e doravante.
A eleição está praticamente definida, segundo as pesquisas em 1º turno, e a máxima da "propaganda enganosa" seguirá adiante como bandeira da oposição. O governo poderá rever alguns procedimentos ou seguir em frente como reza a sua dinâmica política.
No entanto, todo cuidado com a história é pouco. Os governos passam e a história tem sido implacável com os governantes.