Propaganda vitrual na TV
Foto: Manu Dias |
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Porto Sul ainda está na fase das audiências públicas com lideranças da região |
A propaganda veiculada com midia intensiva na televisão dando conta da existência de "Uma Nova Bahia" que acompanha os passos de "Um Novo Brasil", de fato, não traduz a realidade e exagera na dose ao colocar como realizações, por exemplo, a ferrovia Leste-Oeste e o Porto Sul, em Ilhéus.
Ora, essas são obras que sequer foram iniciadas. A Valec já aditou o prazo para licitações dos trechos da Ferrovia Leste-Oeste, 1.500 km divididos em 11 trechos, por 5 vezes e espera que, no próximo dia 10 (se não mudar de novo) receber as propostas iniciais. Quer dizer: obras mesmo só, provavelmente, no final deste ano ou início de 2011.
Mas, na propaganda do governo da Bahia vê-se até uma composição de trens, o que representa uma peça de ficção publicitária. O Porto Sul ainda está na fase das audiências públicas, discussões de demandas ambientais e outros. Mas, também na propaganda do governo dá como uma obra realizada.
Não tem sentido. Somos defensores da propaganda pública institucional e outras, de feitos e realizações, mas, elas devem conter a realidade. No momento em que se parece com uma peça de ficação perde-se completamente a credibilidade e passa a ser um engodo.
Para o governo Wagner, ancorado no Partido dos Trabalhadores, pega muito mal esse tipo de ação porque além de não representar a realidade, significa a negação de postulados petistas tão apregoados em épocas recentes na Bahia. Se a questão é dar empate, ficar no 1x1 diante de antigos modelos, nivelando tudo por baixo, a opinião pública deixará de acreditar no discurso moralizante do PT.
A oposição vem denunciando situações dessa natureza há muito tempo na Assembleia Legislativa, desde a época em que se difundiu na propaganda o Complexo Viário da Rótula do Abacaxi, em Salvador, como se os viadutos já estivessem prontos, quando, na realidade, eram virtuais.
O que ganha o governo Wagner com isso? Cremos que nada. Perde. A base da credibilidade do governo é sua seriedade no tratamento da coisa pública. Se fantasia, se cria situações inexistentes como reais, se desgasta e ainda abre espaço para questionamentos jurídicos, como agora faz o PMDB com toda razão.