PV não empolga no Brasil e na Bahia
Antes das eleições presidenciais na Colômbia as pesquisas indicavam que o candidato do Partido Verde, Antanas Mockus, ex-prefeito de Bogotá com realizações inovadoras, excêntrico e com perfil ideológico, disputaria téte-à-téte com o candidato apoiado pelo presidente Uribe, o general Juan Manoel Santos, seu homem de confiança na luta contra o narcotráfico. Quando as urnas foram abertas, Santos ficou com 48% dos votos; e Mockus derrapou em 22%; enquanto os radicais pontuaram com 10.3%, o Pólo Democrático com 9.15%, e consercadores de Noemi Sanin, com 6.14%. Os analistas internacionais se assustaram com os resultados e parte da imprensa Latinoamericana ficou boquiaberta.
O que teria acontecido? Onde estariam as falhas? O professor de políticas públicas da Universidade Externado de Bogotá, Jorge Iván Cuervo, deu a explicação mais lógica: - Mockus não se vendeu bem aos estratos de menor renda, não foi bem nos debates e passou a sensação de ser inseguro. Além do que, a "onda verde" criou uma espécie de plebiscito ético em volta de Mockus. Isso até abriu oportunidade para que esse clamor ético se manifestasse, mas, o PV não soube ocupar bem essa indignação ética.
Perspicaz ao ponto de entender que os jovens, hoje, não se movem nos cenários de esquerda e direita, mesmo numa Colômbia pressionada pelas FARCs e a difusão do socialismo bolivariano de Hugo Chávez, Mockus conseguiu atrair parte desses jovens com um discurso plural e focado na educação. Ou seja, os atuais jovens da latinoamérica não se sensibilizam mais com a ideologia de Che e do Partido Câmbio Radical, e sim, com base nas oportunidades de ascensão social globais, cujo paradigma se centraliza na tecnologia da informação e nos gurus Bill Gates e Steeve Jobs.
Essa lição da Colômbia é exemplar e serve para o Brasil. Observe que, hoje, desde o impeachement de Fernando Collor (junho 1992) os jovens estão encolhidos em suas atitudes políticas e a UNE se transformou num escritório do PCdoB. As forças sindicais pelegaram e os jovens que lutaram contra a ditadura militar (1964/1984) envelheceram. Não há nenhum movimento novo como aconteceu recentemente na Colômbia em apoio a Mockus, passeatas com jovens pintados de verde conduzindo lápis, um símbolo, à exemplo, grosso modo, da "vassoura" janista que iria varrer as mazelas do país no início dos anos 1960. Lá, afirmativo da educação universal.
Temos, na atualidade, uma campanha onde todo mundo é japonês. No Brasil e também na Bahia. Marina Silva não consegue sequer impulsionar uma provável "onda verde" e todo mundo fala da boca pra fora sobre meio ambiente, mas, na prática, joga latinha de cerveja pela janela do carro. A caminhada do Germen, mais importante grupo ambientalista de Salvador, no último sábado, contou com pouco mais de 100 pessoas. O que se denota, portanto, é que a causa verde é simpática, mas, não gerou indignação. E, como aconteceu com Mockus há sequer um plebiscito ético em curso.
O que percebemos, também como aconteceu na Colômbia, é que o candidato apoiado pelo presidente Uribe, o qual, goza de enorme prestígio naquele país por ter enfrentado as FARCS e elevado os padrões de vida dos colombianos, muito parecido com o modelo Lula, tende a vencer a eleição observando-se a dicotomia manter ou mudar. Lá, como aqui; não haveria desejo de mudanças em curso, embora, hoje, Serra esteja enfrentando em níveis idênticos de pesquisa na intenção de votos com a candidata de Lula, Dilma Rousseff (37%x37%). A questão é o que acontecerá durante a campanha com Lula mais presente na telinha.
Observações também válidas para a Bahia. O nosso Mockus, Luiz Bassuma, ainda não encarnou sequer o verde, na sua expressão mais simples. Souto não tem Uribe. Geddel tem Uribe, mas, nem tanto. E Wagner, conta com Uribe de forma integral, mas, precisa combater as FARCs. Sem isso, não vira Santos.