A Bahia é a bola da vez
A Bahia passou a ter uma importância significativa nesta campanha presidencial que, em tese, já começou e tende a ficar mais borbulhante a partir do próximo dia 12, quando o PSDB realiza sua Convenção Nacional em Salvador com presenças das cúpulas "tucana" e partidos coligados, no lançamento oficial da candidatura José Serra certamente já com seu vice. Em sendo, então, um vice do PP, como se fala, será ainda mais picante. E, no plano local, ajudará e sustentará a candidatura Paulo Souto, da coligação DEM/PSDB, a qual, deverá apresentar sua chapa completa.
Esse movimento do PSDB/DEM tem múltiplos entendimentos estratégicos. O primeiro deles é de que Serra, no Nordeste, tem seu pior desempenho nos territórios nacionais (42% Dilma; Serra, 29%, dados do Vox) e a Bahia, sendo o 4º colégio eleitoral, e tendo um candidato competitivo a governador, foi escolhido como a território avançado para alavancar o desempenho do candidato na região, tanto que aqui será a sede da coordenação de eventos deste candidato para o NE. Passsa a ser também, além de relevância política, o centro da logística.
O segundo ponto diz respeito a necessidade que a coligação (PSDB/DEM), falo especificamente sobre o DEM, tem de eleger o governador do Estado, porque são poucas suas chances no território nacional, apenas 3 somando-se a Bahia, sem o que, este partido poderá se constituir numa agremiação apenas congressual, sem representações governamentais. E, se isso vale para o DEM, também vale para o PT, porque é aqui na Bahia que está sua jóia mais preciosa da constelação estrelar petista, que é o governador Jaques Wagner.
Pense no seguinte, aos olhos dos dias atuais, sem desmerecimento de quaisquer outras autoridades ou políticos petistas, Wagner, na linha da sucessão presidencial e entre as estrelas do PT, hoje, está situado em terceiro lugar: número 1 é Lula; número 2, Dilma; número 3, o governador da Bahia. Passa a ser vital para o PT, isso ninguém deve ter dúvida, e o presidente Lula deverá fazer um esforço enorme nessa direção, mesmo tendo que encarar dois palanques no estado, a reeleição de Wagner.
A visita de Dilma no último final de semana para prestigiar um Congresso homologatório do PT ao nome do governador, ainda sem decidir a chapa ao Senado, teve esse sentido. Já foi um contra-ponto a anunciada Convenção do PSDB em Salvador e Wagner, não sentiu somente o golpe como se propalou, mas, fez uma citação brulesca sobre o evento "tucano", também como uma advertência-lembrança ao PT nacional e a Lula, de que ele existe como prioritário e assim deve ser visto.
Um terceiro ponto a ser conferido a esse embate diz respeito ao papel que a Bahia tem no cenário nacional, hoje, tão criticado por Geddel e Souto, os quais, não perdem oportunidades de dizer que o estado perdeu, com Wagner, a sua dimensão histórica e política na região Nordeste, e desapareceu do cenário nacional. Tem sentido. Esperava-se mais do governo Wagner/Lula, até em função da amizade de ambos, de atuarem num mesmo partido e tudo mais. Há, nesse contexto, razões de natureza político-econômica que remetem ao primeiro governo Lula, ainda quando Souto era governador e Lula presidente. Tanto que, só um exemplo, esperava-se que o Metrô de Salvador fosse inaugurado nesse período (2003/2006) e encurtou sua planta.
Questões estruturais, históricas e políticas que se arrastam há anos. Feitas essas observações, vê-se, pois, que o projeto político Lula/Dilma tem uma representação especial para a Bahia e para Wagner. Não é à toda, portanto, que o PSDB/DEM encara a Bahia como um centro de atenção especial. E aposta todas suas fichas para quebrar essa corrente estabelecendo uma cabeça-da-ponte no Estado.