A briga pelo controle do DEC entre PT e PCdoB
A seleção brasileira de futebol convocada por Dunga tem a cara do Brasil. Tradicional, segura na defesa como atua o Banco Central, sem criatividade no meio de campo, tal como o retorno da múmia Telebrás para cuidar da banda larga, e com alguns lampejos no ataque, ao estilo Lula da Silva. Pode fazer gols, como tem feito o presidente, incorporando 30 milhões de brasis à nova classe C, ou pode apenas bater na trave, com a política internacional de camaradagem a Cuba, Venezuela e Irã.
O futebol está tão ligado à política que é impossível dissociar uma coisa da outra. Além do que, sendo o futebol uma paixão nacional, a "Pátria em Chuteiras", título do livro de crônicas de Nelson Rodrigues publicado em 1994 quando ainda se falava das diabruras de Garrincha, as artes de Pelé e a classe de Didi, os políticos não deixam passar em branco a Copa. Mesmo aqueles que, detestam futebol, se tornam torcedores, técnicos e comentaristas.
Mas, o Brasil sentiu a ausência dos "Meninos da Vila" e outros craques que atuam nos campos nacionais e que representam a renovação, a alegria, à cara de um novo país contemporâneo que desponta e está cansado dos clãs nordestinos, das Gerais, dos pampas e do Centro-Oeste que ainda povoam o Congresso Nacional. Fantasmas que, em corpo e alma, controlam sistemas oligárquicos e impedem avanços dos mais jovens, e contribuem para a despolitização da massa. Em outra ponta, quando se imaginava que a esperança encobriria o medo, aparelha-se a máquina estatal.
Aqui na Bahia, então, é só dar uma passada de olhos em acontecimentos recentes. A juventude do PT acusa representantes do PCdoB de terem depredado instalações da UFBA, diante da derrotada para a eleição do DCE. O PCdoB, de sua parte, diz que a juventude do PT, chapa 1, fraudou a eleição numa recontagem madrugada à dentro, em três escrutínios, até que de uma vitória com 45 votos da chapa 3, a dos comunistas do B, passasse a uma derrota com 15 votos. O assunto foi parar na Assembleia Legislativa e está, para o PCdoB, subjúdice. Para o PT, assunto liquidado.
O movimento estudantil já produziu líderes emblemáticos na política baiana. Nos últimos 50 anos, quase todos têm ligações e formações de base acadêmica e política na UFBA e nos embates contra ditaduras, por uma melhorar qualidade de ensino, em defesa de projetos sociais e avanços na economia e na tecnologia. E o que se vê hoje não só no movimento estudantil, como nos sindicatos e nas áreas comunitárias? Uma apatia. Falta de renovação. Bem ao estilo Dunga, todo mundo na retranca.
Analisem as lideranças do movimento sindical baiano, berços de grandes líderes de oposição no estado. Existem estruturas com 20, 30 anos no poder. Mudar? Renovar? Pra que! É Lúcio, Juan e Gilberto Silva. No máximo, um Júlio César. E quem reclamar recebe um Júlio Batista pelos peitos. Agora mesmo, movimentos paredistas acontecem nas redes municipais de ensino em várias localidades da Bahia. Sintomático! Pois, sim. Estamos em ano eleitoral.
Então, depois que vi Dunga falando na TV sobre o "sofrido povo brasileiro" numa exortação à Pátria em Chuteiras, lembro o dia em que Vampeta, na rampa do Palácio do Planalto, campeão do mundo, deu uma cambalhota na frente do presidente FHC. E fico aqui do meu palanque imaginando se o correto é este Brasil de Dunga; ou o Brasil da criatividade e da ousadia. Fico com o segundo. E até temo por um Dunga no panteão dos heróis nacionais. Quiçá, como postulante ao posto máximo de presidente do povo sofrido.