A Bahia está precisando de um sopro de modernidade
De vez em quando surge um fenômeno novo no Brasil que mexe com o sentimento da população, o que nós técnicos em comunicação chamados de "mass midia", bastante interessante do ponto de vista das relações sociológicas, políticas e afins. Vivemos, pois, encantados com os Meninos da Vila, um grupo de jovens atletas do Santos que desmantelou a imagem do futebol carrancudo e vitorioso de Felipão, na base da força e da raça, o que também é a cara de Dunga, para algo alegre, belo, vitorioso, e mais sintonizado com o Brasil pandeiro e a contemporaneidade.
Que bom que esse exemplo chegasse ao mundo da política. Estamos tão carentes de novas caras, de algo que possa emocionar os brasileiros, que as pré-campanhas eleitorais estão em curso e pouca gente dá atenção a elas, salvo aqueles que estão envolvidos diretamente e os profissionais da imprensa, da pesquisa e do marketing. O povo não está nem aí para Serra, Dilma e Marina. Nem tampouco para Wagner, Souto e Geddel.
A Bahia então está carente de um sopro de modernidade faz é tempo. Veja que está se discutindo, ainda hoje, em pleno século XXI, se Waldir Pires, político respeitado, mas que vem da República Velha seja candidato ao Senado. E que dizer dos temas em pauta à luz inicial das discussões: aumento da violência, carência em hospitais públicos, ensino escolar deficiente, falta de infra-estrutura, temas que o mundo contemporâneo já ultrapassou há décadas.
Esta semana, na Assembleia Legislativa, aflorou até uma "guerra de bodes" entre os bodes que teriam sido doados a pequenos agricultores pelo então governador Paulo Souto como "bichados"; versus os bodes igualmente "bichados" também colocados à disposição da agricultura familiar no governo Jaques Wagner, estes, com marcas nas orelhas do governo do Estado.
Daí que, se os Meninos da Vila baixarem aqui na velha cidade da Bahia para uma desejada final da Copa do Brasil, entre Santos x Vitória, seria salutar. E emblemático. Porque a cidade sentiria esse sopro da inovação, tão carente em nossa capital, ainda usando carroças e burros nos bairros para a entrega de materiais de construção, uma orla favelizada e um transporte público por ônibus que remete ao século XIX.
Aquela safra de políticos diferente e com perspectivas inovadoras dos anos 1970, forjada no movimento estudantil, envelheceu. Não conseguiu ser renovada. A UNE, como diz Sebastião Nery, está "desossada, desconstituída, esquartejada e virou escritório eleitoral do PCdoB". Em certo sentido, João Henrique e Jaques Wagner representam até o novo. Mas, na prática, não são inovadores. O programa de maior visibilidade do governo do estado é o Topa, de alfabetização de adultos. Na Prefeitura, o SIMM, de intermediação de mão de obra.
Então, que o Vitória ganhe do Atlético de Goiás e torçamos pelos Meninos da Vila contra o Grêmio. Teremos então Santos x Vitória. E vamos convidar todos os políticos para assistirem esse jogo. Tomara os céus que isso aconteça.