O ex-governador Paulo Souto adotou a mineirice na pré-campanha
A nova pesquisa DataFolha publicada no último final de semana com o candidato do PSDB, José Serra, (38%) abrindo 10 pontos em relação à candidata do PT, Dilma Rousseff, (28%) revela que a diretriz traçada pelo ex-governador Paulo Souto para sua campanha, de atrelar à disputa regional ao cenário nacional, está bem situada e politicamente correta. Se vai resultar em votos que possam lhe assegurar uma vitória é outra história. Mas, observando-se um candidato a presidente com 38% das intenções de votos a essa altura da pré-campanha, cristalizados, juntar o útil ao agradável é a lógica.
Souto tem se mantido elegante nas recentes refregas entre Otto Alencar e César Borges, aliados de Wagner e Geddel, respectivamente, engalfinhados em polêmicas difundidas pela imprensa e uma ação judicial eleitoral no tapetão da campanha, o que só tem desgastado os dois pré-candidatos ao Senado, seu candidato à vice Nilo Coelho trabalha em silêncio na região Sudoeste, e, o próprio, finge-se de morto, fazendo política à moda Tancredo Neves visitando sítios interioranos. José Ronaldo de Carvalho, outro "mineiro", avança em círculos da região Nordeste do estado. Essa tem sido a diretriz adotada pelo ex-governador Paulo Souto, o qual, sem poder de fogo para avançar em novas alianças além do PSDB agrega-se ao cenário nacional tendo em Serra um poderoso aliado e vice-versa. A pesquisa DataFolha aponta que Serra, até o momento, é favorito nas regiões Norte Centro/Oeste (Serra, 39%; Dilma, 30%); Sul (Serra, 45%; Dilma, 25%); Sudeste (Serra, 42%; Dilma 24%), mas, perde no Nordeste, Dilma com 33%; Serra com 27%. Para equilibrar esse jogo no Nordeste, Serra precisa de Souto (a Bahia é o 4º colégio eleitoral do país) e da desistência de Ciro, o qual, pontua com 14% na região. Acontece que Ciro está praticamente fora da sucessão presidencial, já se encontra em 4º lugar com 9% (Marina Silva do PV é a 3ª com 10%) e seu nome deve sair da disputa nesta semana ou permanecer a pedido do PT para que Serra não vença a eleição em 1º turno. Daí que, na tese de tanto faz como tanto fez, a tendência de Ciro é também perder esses 14% de votos que possui no Nordeste e que são fundamentais para Serra e também para Dilma. O Nordeste passará a merecer uma atenção especial dos candidatos, Região onde Lula está mais forte, com mais de 85% de avaliação de ótimo/bom, e com poder de transferência para Dilma que vem se acentuado a cada mês na pesquisa espontânea (8% do eleitorado espontâneo ainda vê Lula como candidato a presidente). É nesse cenário, com o palanque de Dilma/Lula dividido entre Wagner e Geddel, o candidato do PMDB já está com comerciais do partido na TV atrelados a Lula, que Souto aposta no avanço de sua candidatura, pois, será adotado pelo palanque de Serra com único e preferencial. Um outro dado interessante é o avanço da candidatura Marina Silva (PV) que atinge 10% e pode crescer bem mais. Ninguém imagina que possa atingir 2 dígitos (20%), mas, política é arte do demônio. É improvável, porém, não impossível. Em qualquer situação, 10% ou 15%, a candidatura de Luiz Bassuma ganha fôlego. Não que chegue a esse patamar. Mas, pode sair do 1% a 2% e atingir 3% a 5% o que representa um mundo de votos para o PV e a perspectiva de eleger deputados. Além do que, numa hipótese de segundo turno, o PV passa a valer ouro. Daí que, a elegância-mineira de Souto, nesse momento, está valendo bastante.