Colunistas / Política
Tasso Franco

CENSURA À IMPRENSA JAMAIS

O governo federal articula garroetamento à imprensa nacional
07/04/2010 às 07:22
Nesta data comemora-se o dia do jornalista. Vou comprar meu pão logo cedo na padaria do Chame-Chame e tomar meu café como de sempre passando o dito na manteiga de Amaral, da gloriosa Santa Bárbara, porque não vejo nada a abrilhantar tal efeméride. Ao contrário, depois que o STF "rasgou" meu diploma fiquei sem lenço nem documento. Ademais, a regulamentação da profissão foi para as "cucuias" e como estou a ingressar na terceira idade vou garantir minha creme craker na aposentadoria do INSS, esta sim, ruim ou seja lá o que for, com déficit ou sem déficit, não falha.             Mais recentemente, para complementar esse quadro sombrio à nossa profissão, desculpem, mas o STF acha que jornalista não é profissão e sim um bando de pensadores cujo pensar é só pensar, vive de brisa e de poesia, não paga supermercado nem a escola dos meninos aos padres jesuítas, sob a capa negra de uma tal de Programa Nacional de Direitos Humanos o governo quer nos tirar o último suspiro, o derradeiro alento, e impor a censura à imprensa nacional.

            Ou seja, querem colocar a tampa do caixão e nos sufocar de vez. E, no roldão dessa insensatez organizada a partir da Confecon, cujo nome pomposo é Conferência Nacional de Comunicação, asfixiar e amedrontar as empresas privadas e criar uma organização estatal chapa fria do amém, pronta a sacramentar os santos óleos nos governistas de toda ordem, só falando aquilo que interessam aos próprios.

            Uma dessas pérolas em curso no Programa do Dr Vannuchi, o ministro capa nobre dos Direitos Humanos, é criar um marco regulatório estabelecendo o respeito aos direitos humanos nos serviços de radiofusão (rádio e TV) concedidos, permitidos ou autorizados, como condição para sua outorga e renovação, prevendo penalidades administrativas como advertência, multa, suspensão da programação e cassação, de acordo com a validade das violações praticadas.

            Quer mais: elaborar critérios de acompanhamento editorial a fim de criar ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os direitos humanos; garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação através de parcerias com entidades sindicais e populares, incentivar a produção de filme, vídeos, áudios e similares voltados para a educação em direitos humanos. Tudo isso, obviamente, controlado pelos homens do governo, os censores.

            Nesta Tribuna da Bahia passamos por esses momentos dramáticos da censura, nos anos 1970, quando tínhamos que assinar os boletos da PF com indicativos do que se poderia publicar ou não. Os censores chegavam à tardinha, no início do fechamento das páginas mais importantes do ponto de vista editorial da política e os recebíamos com cara de nojo e indignação, Agora, querem reviver essa prática hedionda, tudo sob a proteção da capa "negra" dos direitos humanos.

            O tempo passa, a vida segue, mas, a censura ninguém quer jamais.