É só acompanhar os programas exibidos em Salvador
Quem está assistindo programas de TV na Bahia percebe que a pré-campanha eleitoral entre os candidatos a governador Jaques Wagner (PT) e Geddel Vieira Lima (PMDB) já começou. Por parte do governo, uma enxurrada de comerciais sobre obras e serviços que estão sendo realizadas no estado, algumas ainda em fase inicial. E, com a marca da Prefeitura, levada de anúncios sobre obras em execução na cidade, algumas com ferragens ainda sendo produzidas, com assinatura Prefeitura de Salvador, parceria com o governo federal através do Ministério da Integração Nacional. Ora, não precisa dizer que o ministro da Integração Nacional é Geddel; nem que o governador da Bahia é Jaques Wagner. Isso está implícito. Até 6 de julho, data base em que a lei eleitoral permite esses comerciais, salvo melhor juízo, a batida será essa. E supõe-se, até com mais intensidade. Por enquanto, o terceiro candidato do processo, o ex-governador Paulo Souto fica de fora. Mas, não pode reclamar porque usava desse mesmo expediente quando foi governador (2003/2006).
Existe, ainda, uma diferença substancial até 6 de julho, data em que é permitida a propaganda eleitoral geral e na internet. O governo do Estado estará proibido de promover inserções comerciais na TV e nos demais veículos, os "primos pobres", mas, a Prefeitura poderá fazê-lo, porque a eleição é majoritária estadual e não municipal. Evidente que, comerciais sem a assinatura do governo federal e do Ministério da Integração Nacional.
A essa altura do processo, entre 7 de julho e 17 de agosto, quando se inicia a propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio para todos os candidatos, a Prefeitura pode manter seus comerciais no ar (e até mesmo estendendo-se a 30 de setembro) falando de suas realizações. Implicitamente, não precisa citar nomes. Ao badalar uma obra como a do Canal do Imbuí e/ou as 451 casas para desabrigados, estaria implícita a imagem de Geddel.
Tudo isso é legal e constitucional. Salvo muxoxos dos atuais deputados da oposição ao governo Wagner a vida tem que ser encarada como ela é. Na época Souto governador, teve um político ex-PMDB e depois PT que chegou a argüir a existência de um duto entre Ondina/Tomé de Souza e a TV Bahia. O tempo passou e, hoje, calado, deve ter engolido a língua, nada fala sobre a propaganda governamental, com bastante similaridade à época soutista.
A comunicação é uma rubrica como outra qualquer do governo. Somando-se Estado e município de Salvador são quase R$170 milhões/ano para serem consumidos. Óbvio que os executivos de contas dos outros veículos, os "primos pobres", ficam chateados quando assistem televisão. Mas, essa é a realidade: a TV aberta é quem chega às massas com maior força, tem maior audiência e custa mais caro. Quem é a líder leva mais. Esse é um processo natural que acontece em todos os estados da federação.
A questão central, e essa é a mais importante, é saber se essas mensagens veiculadas pelo Estado e Prefeitura têm conteúdos de credibilidade e são bem aceitas pela população. Esses são outros 500. Quem veicula normalmente mede os resultados com pesquisas e sabe o que está se passando. Mas, lembrando aqui do meu palanque, Souto levou ferro mesmo assim, em 2006.