ACM brecou a candidatura de João Durval ao Senado, em 1990
Política é a arte da conversa. Vive-se, no momento, o outono do diálogo com os candidatos a governador da Bahia organizando suas chapas para a disputa eleitoral que se inicia a partir de 7 de julho. Portanto, existe tempo de sobra, até 30 de junho, último prazo para a realização das convenções partidárias quando os nomes são oficialmente registrados como candidatos.
Mas, ao que se percebe no ambiente político, ninguém estaria disposto a esperar esse prazo final porque tempo é ouro e quem se organiza primeiro leva uma vantagem enorme diante dos adversários. Que diga José Serra, o qual, ainda com compromissos de governador de São Paulo ficou engessado no Palácio Bandeirantes enquanto a ministra Dilma Rousseff faz campanha às escâncaras amparada pelo presidente Lula.
Na Bahia, ao que se fala em todos os ambientes políticos o governador Wagner já teria fechado sua chapa com Otto Alencar, Lidice da Mata e César Borges faltando pequenos arremates nas composições proporcionais para o anúncio efetivo. Se isto acontecer como se espera até o início da próxima semana, 3 de abril, prazo para a desincompatibilização de ministros, governadores, secretários estaduais e municipais e prefeitos que concorrerão a cargos no Legislativo ou no Executivo, fatalmente forçará a que Souto e Geddel apressem seus passos.
Essa é uma fase extremamente importante da pré-campanha. Vou contar duas historinhas que aconteceram na Bahia só para o leitor entender que, quem pisar em falso, dança. Em 1986, o governador João Durval lançou Josaphat Marinho candidato a governador da Bahia. ACM, que era o líder político maior, não teve como vetá-lo. Josaphat tinha uma conduta irreparável e ACM foi à luta. Waldir Pires venceu o pleito, com base num plebiscito contra ACM.
Em 1990, ACM candidato ao governo, Durval ensaiou ser candidato ao Senado. O "velho" vetou seu nome entendendo que fizera corpo mole em defendê-lo na campanha de 1986. E, indicou Josaphat fechando a porta do PFL para Durval em encontro que teria sido marcado com Francisco Benjamin, então presidente do partido. Ora, a recíproca era verdadeira: Durval não poderia criticar Josaphat e engoliu a pílula a seco. Marinho elegeu-se senador.
Em 2006, Durval foi resgatado pela candidatura Wagner, graças a uma articulação política feita pelo deputado Sérgio Carneiro (PT), filho do ex-governador, e elegeu-se senador deixando a ver navios Antonio Imbassahy, PSDB, o favorito inicial e 3º na votação; e Rodolfo Tourinho, o candidato de ACM. Durval, claro, tem méritos próprios, é bom nome político com raízes no interior, mas, sem essa aliança, à semelhança de Imbassahy que foi solteiro à campanha, não se elegeria.
Agora, está todo mundo querendo saber para onde vai Durval. Sinto que segue a trilha Lula/Dilma/Wagner. Mas são apenas historinhas que conto. A conversa entre os políticos segue adiante.