Governo estuda VLT para a Avenida Paralela
A Bahia perdeu sua capacidade de indignar-se. É o que se observa não de hoje, mas de muito anos. Mais recentemente, a situação piorou. Índices de violência crescentes, perda de espaços para outros estados do Nordeste, a capital vivendo num marasmo cultural e administrativo impressionantes, há anos não se ouve falar num projeto transformador tal como acontece em Feira de Santana com o Cidade Digital, e vamos nos acostumando com essa tenda dos milagres, uma coisa aqui; outra acolá sem uma dimensão de grandeza, sem um planejamento mais conseqüente.
Um triste exemplo dessa realidade é o Metrô. Símbolo da ineficiência. Nem adianta falar mais sobre esse "fantasmão" porque até a CPI a ser instalada na Assembleia Legislativa com prazo para esta semana é nati-morta. Não vai a lugar algum. Enquanto isso, ferve em vários estados da Federação a questão da distribuição dos royalties do pré-sal. Aqui, salvo notas provocativas da Oposição é como se nada estivesse acontecendo.
O Rio de Janeiro com todas as suas mazelas conseguiu na última quarta-feira, 17, lavar sua alma e enobrecer a autoestima de sua população com uma gigantesca passeata defendendo lotes generosos dos royalties do pré-sal. Desde o "Fora Collor", já se vão mais de dez anos, não se via protesto igual.
Em Salvador, anuncia-se para esta segunda feira, 22, no centro da cidade o "Grito da Água", que completa uma dezena de existência e é movido pelo Sindae - Sindicato dos Trabalhadores de Águas e Esgotos. A Transalvador, órgão da Prefeitura, diz que o "berro d'água" prejudica a cidade e não vai permitir a passeata, à frente, como se trata da Bahia, um trio-elétrico. O Sindae justifica que, em tempos idos, o prefeito João Henrique participava e apoiava o grito daí que, avisa, fará a manifestação na tora.
E, para crucificar o prefeito, já que estamos às vésperas da Semana Santana, o Sindae anuncia que, além do grito protestar contra a transposição das águas do Rio São Francisco, que ocorre sem uma contrapartida eficiente de revitalização, berrará adverso à instalação de uma usina nuclear a ser instalada em território baiano, e também contra a vidraça do prefeito.
Ora, ao que se sabe, Salvador está cercada de águas do mar por todos os lados, mas, nas torneiras de alguns bairros falta a potável, sem que João seja culpado por isso.
Então, é que o digo, enquanto o Rio lava a alma; Lula lava as mãos, mote de Zuenir Ventura, a Bahia se perde em gritos bobos e sem força, discussões estéreis, CPIs que não resolvem nada e projetos estruturantes que mal engatinham. Agora, ouço dizer, com fundamento, que há sinais de retomada do VLT, o Projeto de Veículos Leves Sobre Trilhos na trilha original da Avenida Paralela. Conversa adrede que o governador Wagner terá com o prefeito João, em breve. Aí sim, tem sentido e diretriz de futuro.