E consolida segundo palanque no Estado
A anunciada aliança PMDB e PT no plano nacional para dar suporte à candidatura da ministra Dilma Rousseff nos estados e municípios, sem dúvida, reforça a candidatura a governador da Bahia do ministro Geddel Vieira Lima e praticamente consolida a tese defendida pelo PMDB da Bahia há meses, da existência de dois palanques no Estado com Lula/Dilma/Wagner; Lula/Dilma/Geddel.
A Bahia, evidente, não é o único estado nessa situação. E, se isso é bom para Dilma observando-se a estratégia imposta por Lula, de trabalhar unido no nacional em torno de uma causa, de um projeto comum, nos estados caberão aos candidatos administrarem suas campanhas com competências individuais, respeitando o objetivo maior.
O presidente Lula sinalizou, ontem, que não comparecerá junto com a ministra Dilma às campanhas eleitorais nos estados onde a aliança entre o PT e o PMDB não seguir essa dinâmica. Deixa claro, portanto, que as contendas regionais não devem atrapalhar o projeto nacional e que cada qual cuide do seu terreiro. Quem vencer o pleito salvaguardando essa tese será glorificado. Quem perder, não será abandonado.
Geddel entende que "essa atitude do presidente Lula, no caso da Bahia, evidencia seu respeito à justa postulação do PMDB baiano, que decidiu ter sua candidatura própria para submeter ao eleitorado seu projeto de desenvolvimento da Bahia". Ou seja, o presidente Lula respeita sua disposição de concorrer ao governo da Bahia e sabe que "essa é uma realidade política com a qual o PT baiano vai ter que lidar".
Essa é a teoria política. Na prática, só quando a campanha propriamente dita começar é que veremos como essa engenharia funcionará. Lula, recentemente, ao visitar as obras de Transposição das Águas do Rio São Francisco pilotadas por Geddel deu os primeiros sinais e passos, embora dissesse que não estava ainda em campanha, o que não convenceu o presidente do STF, nessa direção. Lá estiveram Lula, Dilma, Wagner e Geddel.
Wagner tem sido parcimonioso quanto a essa prática. Evita falar diretamente ao assunto, embora, como todo mundo sabe é PT e amigo do presidente. Mas, isso conta em termos uma vez que um Projeto Nacional, uma causa, exige compreensão e determinação e a amizade e um partido, individualmente, pesam dentro de uma relatividade. Caberão aos candidatos administrarem seus conflitos internos quer seja, "interna-corporis" PT x PT; ou "externa-corporis" PT X PMDB.
Lula, como patrono do projeto nacional, certamente não vai administrar esse tipo de conflito, salvo se atingir radicalismos impensáveis com repercussões diretas na campanha de Dilma.
Declarações duras de parte a parte entre Geddel x Wagner vão acontecer durante a campanha. Aliás, já estão ocorrendo. E, caberá ao eleitorado escolher o melhor para votar entre os preferenciais do palanque Dilma/Lula, lembrando que há um terceiro palanque Souto/Serra também disputando o pleito.
Como a eleição de 2010 ao que tudo indica se dará em segundo turno vê-se, hoje, duas tendências: Wagner e Geddel com Lula/Dilma x Souto com Serra. O que aconteceria num segundo turno Wagner x Souto e/ou Geddel x Souto? E se esse segundo turno for Wagner x Geddel? Equações que nem a madame Beatriz, famosa cartomante baiana saberia responder.
Mas, eu respondo: vai depender do desenrolar das campanhas nacionais e locais, das possibilidades de vitória Serra x Dilma e dos níveis dos embates baianos. Civilidade (se é que isso existe em campanhas) vai contar.
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