O ambiente internet vai ser importante nas eleições de 2010
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A internet vai ter uma forte influência nas eleições de 2010 no Brasil |
Quem tem medo da Internet? Participo de campanhas políticas há 35 anos e venho acompanhando como profissional de comunicação às influências da mídia e os modelos que atuaram durante esse período, desde o meio impresso que perdurou nas campanhas dos anos 1960, as campanhas panfletárias e com forte apelo dos jornais, o avanço do rádio, as pesquisas radiofônicas lineares, os anos de chumbo, a presença da TV, os meios alternativos, a lei Falcão, o novo marketing, a liberdade plena pós 1984, e agora a Internet.
Essas transformações não inibem; nem suprimem peças e modelos artesanais como pichações de muros, santinhos, carros-de-som, faixas, folhinhas e outros mecanismos usados em campanhas dado que o Brasil é um país com múltiplas camadas sociais, bastante diferenciadas e vivendo em regiões diversas uma das outras, com culturas próprias, daí que esses mecanismos nunca se extinguirão,
Mas, não se pode ter dúvidas de que a campanha de 2010, ao contrário das anteriores, terá uma forte influência da Internet, quer no plano nacional com as candidaturas a presidente da República; quer nos regionais, as candidaturas majoritárias a governador, ao Senado e à Câmara Federal. Existem no Brasil, hoje, 40 milhões de computadores na rede web, número bastante significativo, e com práticas de navegações que crescem a cada dia e despertam as atenções de todas as faixas sociais.
Voltando a pergunta inicial dessa crônica, a Câmara dos Deputados aprovou recentemente uma lei (ainda vai ser votada no Senado) que submete a cobertura das campanhas na Internet às mesmas regras do rádio e da televisão. Trata-se de uma decisão absurda, inadmissível e censurável, o que expõe a incapacidade dos parlamentares de compreenderem a natureza da rede. Primeiro porque o uso da Internet (webjornais, sites, blogs, páginas eletrônicas, etc) não é regulamentado como concessão do governo (caso de rádios e TVs); segundo que a internet, a rigor, não é um meio de comunicação e sim um ambiente.
No Brasil, no entanto, tudo é possível. Como essa interminável crise institucional no Senado, Sarney teimando em carimbar o país como uma "Republiqueta" o site forasarney.com idealizado pelo jornalista gaúcho Moacir Souza, esta página já reúne mais de 100 mil acessos e milhares de comentários e propõe até uma passeata virtual#forasarney é provável que o Senado referende a lei aprovada na Câmara e a internet estará, nas eleições de 2010, atrelada a regras de concessão.
O ambiente internet democratizou de tal maneira a informação que só em Salvador já existem mais de 20 canais webs só de jornalismo e os próprios veículos impressos, TRIBUNA DA BAHIA, A Tarde e Correio dispõem dos seus mecanismos. Juntos, esses ambientes têm, hoje, e não estou falando ainda de 2010 que vai ser bem maior o número de acessos, uma penetração junto ao público bem maior do que veículos impressos e segmentos de rádio e TV. Além disso, por serem mais rápidos, mais dinâmicos, pautam os outros veículos e ditam algumas condutas.
Detalhe: esse fenômeno não acontece só na capital e sua Região Metropolitana, área mais escolarizada e industrializada e detentora de 20% do eleitorado, porém, em todos os municípios da Bahia, salvo raras exceções. Feira de Santana tem quase uma dezena de webs de informação, Conquista e Itabuna mais meia dúzia, Alagoinhas, Juazeiro, Coité, Bonfim, Ribeira do Pombal. Aonde se vai tem uma web e estou falando só de jornalismo. Blogs de outras naturezas são milhares. É uma democratização da informação nunca vista no país.
Os próprios deputados e senadores têm suas páginas eletrônicas e já utilizam o "twitter" num cenário que sequer existia, em boa parte deles, no ano passado. O Palácio do Planalto lança o Blog do Planalto, a Petrobras idem-idem e os três candidatos a governador da Bahia organizam plantas webs sofisticadas para enfrentar o pleito em 2010. Quem assim não fizer vai perder importantes espaços.
A discussão se esse ambiente é relevante (decisivo ou não na eleição) para o sucesso de um candidato deixa de ser o foco principal no momento, até porque não existem estudos sobre a matéria diante do seu ineditismo e atualidade. Mas, tomando-se como exemplo a campanha de Barack Obama nos Estados Unidos, onde a internet foi considerada essencial, não se pode descuidar dessas plantas.
O Senado faria um grande bem ao país, nesse momento em que vive seus piore momento na história da República, em vetar a lei emanada da Câmara e abrir a internet para uso comum como um ambiente livre e de acordo com a contemporaneidade no mundo.