Colunistas / Política
Tasso Franco

QUEM VAI FICAR COM O CARIMBO DE TRAIDOR EM 2010?

A briga interna entre o PMDB x PT na Bahia
07/02/2009 às 08:01
 A dissidência entre o PT e o PMDB no governo do Estado só faz crescer desde a última eleição municipal, na disputa entre João Henrique (PMDB) x Walter Pinheiro (PT), quando foi colocada na midia de massa do marketing político, o PT na condição de "traidor" ao ter deixado setores do poder municipal, no âmbito da administração do primeiro mandato do prefeito, já no final deste período. 

   Aqueles filmetes veículados na TV (tira camisa, vira-folha) e declarações do então candidato João Henrique fizeram um estrago enorme na candidatura Pinheiro. E, de resto, na imagem do PT. Essa postura, com a vitória de João, só fez acirrar o cenário. Seguiu-se o bonde para às eleições subsequentes, na Câmara de Salvador, UPB e Assembléia Legislativa. 

   Em primeira instância, na Câmara, na disputa entre Alfredo Mangueira (PMDB) x Vânia Galvão (PT), o Partido dos Trabalhadores ficou fora da Mesa Diretora. Depois, com a renúncia de Mangueira e a ascensão de Alan Sanches (PMDB) houve uma recomposição fazendo com que Vânia fosse posta na Mesa, na condição de 2ª secretária, cargo que era de Alan. Neste último caso, houve acordo. 

   Na UPB, a disputa entre os prefeitos Roberto Maia (PMDB) x Luiz Caetano (PT), sem acordo, deu PMDB. E, na ALBA, na disputa entre os deputados Marcelo Nilo (PSDB) x Elmar Nascimento (PR) deu Marcelo com apoio do PT. O PMDB, nesta disputa, foi claríssimo: não votaria em Marcelo de forma alguma. Mas, também não definiu o apoio explicítio ao deputado Elmar.
 
   Contados os votos, Marcelo contabilizou 40 e Elmar 22, com 1 nulo. E, retomou-se a polêmica e a frase incluindo a palavra "traição" aí já dita pelo governador Wagner, de que, o fato de deputados da base terem votado na Oposição, resultou em "traição". Ora, com o PMDB é da base, a declaração tem endereço certo. 

   Com isso, o governador põe um calço e/ou para usar uma expressão do marketing político um carimbo antecipado no PMDB evitando que, lá adiante, na campanha de 2010, isso seja usado contra ele e seu governo (como aconteceu na campanha de 2008 contra Pinheiro), caso faça um rompimento com o PMDB e exija os cargos que este partido tem no governo de volta. 

   O ministro Geddel Vieira Lima já disse que a eleição na ALBA é assunto superado. Mas, evidente, não aceita a pecha da "traição" sob o argumento de que seu partido foi coerente com o acertado em 2007, que garantiu apoio do partido à primeira eleição de Marcelo Nilo em troca do apoio a candidatura de Arthur Maia, dois anos depois. 

    Para resolver o impasse só o diálogo entre os dois líderes, o governador Jaques Wagner e o ministro Geddel Vieira Lima. Fora daí, vai persistir esse jogo de palavras um colocando casça-de-banana para o outro cair ou cometer um erro. São, portanto, dois políticos experientes e, dificilmente, um deles cometerá erros. Daí que a "traição" fica valendo para 2010. Quem tiver mais competência livra-se do carimbo.