A eleição do presidente da ALBA é o marco temporal
A vitória do deputado Marcelo Nilo PSDB) na reeleição à presidência da Assembléia Legislativa representa uma vitória do governador Jaques (PT). Mas, também, um êxito da determinação do presidente em trabalhar seu nome com competência, se posicionando como um parlamentar que poderia fazer a diferença na missão estratégica do PT em governar a Bahia. Um apoio importantíssimo aliado a essa firmeza do candidato o levaram a dirigir a ALBA por mais dois anos, 2009/2011.
Não houve dissidências. Dos 39 deputados presentes no jantar do Boi Preto, na noite do último sábado, e mais as ausências de Emério Resedá com o pai infartado e Álvaro Gomes, que se encontrava no Pará, contabilizava-se 41 votos. E, foi exatamente esse o número alcançado pelo presidente reeleito. Registre-se, então, que o candidato do PR, Elmar Nascimento, obteve os votos dos Democratas, PR e PMDB.
Essa ousadia do PMDB, no entanto, fez com que o deputado líder do partido na ALBA, Leur Lomanto Jr., perdesse a primeira secretaria para o deputado Roberto Carlos (PDT), de forma flagorosa (38 x 24 votos, com 1 nulo), aumentando a dissidência com o governo, uma vez que, rejeitou um acordo com o presidente desde que liberasse a bancada do PMDB.
Outra derrota surpreendente, não pela derrota em sí porque já era esperada e o conselheiro Otto Alencar ainda tentou nesta manhã de domingo dar uma força a Ângelo Coronel, foi a da Primeira Vice-Presidência, com a eleição de Rogério Andrade, DEM, pelo placar de 39 x 23 votos e 1 em branco. Jovem, bom parlamentar, Rogério soube conquistar os votos daqueles que não comungavam mais com o estilo Coronel, uma espécie de vice-eterno.
A derrota de Fátima Nunes (PT) para o deputado Fernando Torres (PRTB), na Segunda Vice Presidência, por 34 x 28 votos com 1 em branco, não chegou a surpreender dado o estilo da deputada Fátima, mais apegada ao trabalho de bases dos movimentos sociais e distante da conviência e relacionamento parlamentares. Uma coisa é a base popular; outra coisa é a base parlamentar. Ainda assim, Wagner entrou na parada, na manhã de domingo, mas, sem efeito.
Daí que, PMDB e PT, veja que ironia do destino, ficam fora da Mesa Diretora da Assembléia, a qual, terá o comando de um tucano com parlamentares do DEM, PRTB, PDT e PP. Ou seja, embora o governo mantenha maioria na Casa, e o PT tem um papel importante nesse processo, fica a cada dia mais distante do PMDB.
Para apimentar ainda mais esse caldo de cultura político, o presidente reeleito espinafrou o deputado ACM Neto, em conversa com a imprensa, os Vieira Lima, e o prefeito João Henrique, os quais considerou derrotados e longe de serem os donos da Bahia. Com isso, afinou ainda mais seu discurso com o governador Jaques Wagner, o qual, considerava sua reeleição estratégica para seu projeto de governo.
O que vai acontecer doravante só aguardando mais alguns dias. Há sinais, já declarados na imprensa, de que o governador entronizará o PDT no seu governo e vai estreitar relações com o conselheiro Otto Alencar, o qual, embora tenha trabalho na reeleição de Coronel não foi bem sucedido.
Ademais, a eleição da ALBA, representa um marco do ponto de vista do tempo. Teria chegado, pois, o momento do governador avançar, a partir desta data, na sua Reforma Administrativa, fazer o governo acontecer com mais desenvoltura, e manter sua base política unida e robusta.
As condições para isso foram dadas, até mesmo diante do ponto-de-vista psicológico, para que se estabeleça marcos temporais de quem está com o governo e contra o governo. O ano de 2010 está batendo à porta e não há mais tempo a perder ou vaciliar contra possíveis definições.