Colunistas / Política
Tasso Franco

SUCESSÕES NA CÂMARA, NA ALBA, A MOSCA AZUL E O JOGO DE XADREZ

A movimentação em torno da sucessão estadual em 2010
21/01/2009 às 11:09
Divulgação
No jogo de xadrez político baiano quem errar pagará preço alto na sucessão 2010
  Há algo de novo nos aviões de carreira que a própria razão desconhece ainda que compreensível nos bastidores da política baiana. Coxias efervescentes com movimentos sutis onde não é permitido errar.

  O prefeito João Henrique (PMDB) ao liberar uma nota à imprensa ontem, à noite, realinhou-se com a decisão do seu partido em considerar "legítimo" lutar para "fazer" o substituto de Alfredo Mangueira na presidência da Câmara desde que, em recentes episódios e declarações animou-se a admitir a candidatura de Paulo Magalhães (DEM).


  O que se comenta nos bastidores é de que o prefeito teria sido pressionado pela direção partidária no sentido de acolher a candidatura Pedro Godinho (PMDB), o qual, embora noviço no partido foi eleito por esta legenda e se tornou mais confiável do que os "rebeldes" Sandoval Guimarães e Alan Sanches.


  Mordido pela mosca azul e com chances limitadas, porém, reais, de ser candidato a governador em 2010, caso o ministro Geddel Vieira Lima seja o candidato à vice-presidente na chapa Dilma Roussef, o que poucos acreditam diante da trajetória do PMDB, João faz o jogo da política com um olho no padre e o outro na missa.


  A sua nota, aliás, continua nesse tom. Pois, embora admita a legitimidade do PMDB em fazer o sucessor de Mangueira deixa a janela aberta para Paulo Magalhães e o DEM situando que a Câmara de Vereadores é independente e, "se a decisão for de mantê-lo" (Magalhães), acolherá a respeitará.


  Ou seja, João manteve a mosca azul sob controle, acatou a decisão do PMDB, enalteceu a "independência" da Câmara e fez seu jogo político corretíssimo ao abraçar, por decisão soberana dos vereadores, quem for o vencedor.


  Também nos bastidores, a candidatura de Paulo Magalhães deu água. À interlocutores confessa que está sob forte pressão e vê escapar o apoio decisivo do seu próprio partido, na figura dos seus líderes principais. Ao concordar com a reunião, em plenário, dia 3 de fevereiro abriu uma fenda em suas pretensões de sustentar-se no documento jurídico da Procuradoria Geral da Casa.


   Já na Assembléia Legislativa, com a decisão do governador em citar Marcelo Nilo (PSDB) como candidato preferencial, pois pertence a sua base de sustentação política, e apontar o deputado opositor a Marcelo, Elmar Nascimento (PR), como de oposição ao seu governo e a Bahia travou o PMDB.


   Tem razão o secretário das Relações Institucionais, Rui Costa, quando diz que a posição do PMDB na ALBA é "esdrúxula" (não votar em Marcelo; mas, ao mesmo tempo, não apoiar Elmar publicamente) e põe estranheza nessa posição.


   Nos bastidores, no entanto, o PMDB "trabalha" o governo Wagner como "trabalhou" nas relações com a Prefeitura de Salvador.

   Só lembrando, quando o PT afastou-se da administração João Henrique, em meados do terceiro ano do seu governo, foi taxado de "traidor" (entre outras adjetivações) e Walter Pinheiro pagou um preço altíssimo na campanha de 2008.


   Hoje, acontece a mesma coisa com o governo Wagner, o qual, mantém o PMDB sob controle no seu governo (com cargos e comandando projetos) e não deseja dar a mesma bandeira que foi dada a João, em 2008, na campanha de 2010.


   Assim, Wagner evita de ser taxado de "traidor" lá adiante e de ter rompido com o PMDB, partido que ajudou na sua eleição, em 2006.


   E, do outro lado, o PMDB não avança o sinal (trabalha com retóricas no apoio a Elmar Nascimento) para, também, não dar a bandeira política a Wagner, de ter partido para o rompimento. Neste caso, a pecha de "traidor" iria para o PMDB numa provável aliança com o DEM.  

   Daí o jogo de palavras e xadrez postos no cenário político. Tudo é medido, calculado, milimetricamente analisado. Quem errar dança.


   Por ora, todos estão acertando.


   O enredo final com pontos e contra-pontos, traições, barcos e aviões ficarão por conta da turma do marketing político, em 2010. 

   Quando aos futuros presidentes das duas casas legislativas mais importantes da Bahia, os sinais apontam para vitórias de Pedro Godinho (PMDB) e Marcelo Nilo (PSDB), respectivamente, na Câmara e na ALBA.