Colunistas / Política
Tasso Franco

O TURISMO, A PAZ E A FALTA DE LIDERANÇA

Está faltando liderança na Bahia para comandar processo de paz
16/01/2009 às 11:25
   O caso dos turistas baleados em Salvador, Juan Alexandro Duque (colombiano) e José Humberto Michilis Jr (paraense), revela o quanto estamos distantes da civilidade e da atividade turística competitiva com outras cidades mundiais.

   Há se se dizer que foi um fato isolado. Mas, não é porque frequentemente acontecem casos dessa natureza, ainda que outras vitimas não tenham sido baleadas. Tivemos, recente, os casos do assaltos na ilha de Itaparica a franceses e a um grupo de pessoas num restaurante.

   Essa sequência de ocorrências e o fato de Salvador ter se tornado uma cidade relacionada como uma das mais violentas do país, só nos primeiros 15 dias do ano 2009 já foram registrados na RMS 104 homicídios (média de 7 ao dia) levam a imagem da capital baiana para o buraco negro.

   E, obviamente, o turismo perde e muito com essa situação porque ninguém de sã consciência se organiza para visitar uma localidade onde é recebido a bala. Quando Medelin, na Colômbia, o país de Juan Duque, era a cidade do cartel do tráfico e violentíssima, sempre em manchetes negativas, brasileiros riscaram aquela cidade do mapa de suas viagens turísticas.

   Fato semelhante acontece com o Rio de Janeiro, uma das cidades mais belas do mundo em situação geográfica, a ponto de Estácio de Sá, seu fundador, entender no princípio do século XVI estar diante da paisagem de uma mulher desnuda sobre a relva, tal a quantidade de seios (morros) e mares, capital que vive seus dramas, ainda é porta internacional do turismo brasileiro, mas, mantém a síndrome de Medelin inalterada.

   Daí que, comparativos de Salvador com o Rio nunca foram salutares, embora, nos últimos meses, têm sido inevitáveis. Lá, mata-se um empresário alemão com a imprudência de uma lancha; aqui atige-se dois cidadãos do mundo durante um assalto a ônibus.

   Há um esforço enorme por parte do governo do Estado, através da Setur, de manter os níveis de ocupação turística de forma sustentável. E, louve-se o trabalho da Segurança visando conter essa onda de violência que está assustando demais os baianos. Mas, ao que tudo mostra, é precisa fazer algo mais.

    A pobreza endêmica de segmentos populacionais da cidade, a falta de educação básica, a desagregação da família, o tráfico e consumo de drogas, todo esse caldeirão misturado está levando Salvador ao patamar Medelin/Rio de Janeiro perdendo espaços para outras capitais brasileiras e do Nordeste, o que só faz aprofundar ainda mais as desigualdades sociais.

    Alguém tem que despertar a cidade para um movimento de paz. Mas, por ora, falta liderança para comandar esse processo.