Colunistas / Política
Tasso Franco

O CAVALO DE DALÍ E A VISITA DE JOÃO A LULA

As dissidências entre o PT x PMDB na Bahia continuam firmes
05/11/2008 às 18:26
Ainda não foi desta vez que o governador Jaques Wagner, PT, fumou o cachimbo da paz com o presidente Lula da Silva, PT, e os seus aliados na Bahia, o ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, e o prefeito de Salvador, João Henrique, ambos do PMDB.

  Na audiência que o presidente concedeu ao prefeito de Salvador, por solicitação do ministro, se a situação estivesse confortável para o governador teriam ido os três ao encontro do presidente.
 
  Mas, diante das dissidências PTxPMDB por conta da última campanha eleitoral no segundo turno, em Salvador, o encontrou deu-se com a dupla Geddel/João e a ausência do governador.

  Sintomático, pois, que a situação ainda está com muitas arestas a serem aparadas.

  Evidente que, se o cachimbo da paz já tivesse sido fumado entre os líderes baianos, o encontro teria acontecido entre os quatro, uma vez que o governador se encontra em Brasília.

  Pelo exposto, vê-se que as relações entre o governador e o ministro Geddel, e/ou entre o chefe do Executivo estadual e o prefeito de Salvador continuam extremecidas ou apenas essencialmente protocolares, institucionais.

  Geddel diz que está preocupado com a governabilidade da Prefeitura e a obtenção de novos recursos do governo federal para a realização de obras na cidade do Salvador. Mesmo discurso alinhava João. O governador debate com a bancada federal da Bahia os ajustes e prováveis cortes no Orçamento da União.

  Isso significa dizer que esses líderes baianos, em bloco, estão se oprganizando para garantir as obras do PAC e outros financiamentos do governo federal para o Estado, têm objetivos comuns no plano administrativo, mas, no plano político, cada qual no seu bloco, ainda que haja um ente comum entre eles que é o presidente Lula.

  Claro que esse situação rebate na Província. Há informes precisos de que o governador teria avançado em negociações com o PP e com deputados do PR. Quer, com isso, manter a maioria com folga na Assembléia Legislativa, envolvida, no momento, com um paradeiro enorme devido ao impasse na instalação das comissões temáticas da Casa.

  E. também, com a possibilidade real de um candidato do PMDB à presidência da Casa.

  Wagner segue com o presidente Lula para uma viagem ao Cone Sul tratar da política econômica brasileira no Mercosul. Certamente, receberá afagos adicionais do presidente.
 
  João retorna a Salvador feliz da vida, menos pelo fato de ter garantido verbas para sua administração, e mais por ter cumprimentado e abraçado o presidente. Além, obviamente, da foto que já está neste site e deverá ser publicada na imprensa escrita da Bahia, na quinta-feira.

   Resta saber se este cenário, como aconteceu na campanha de prefeito da capital, em 2008, com Lula/João/Geddel se mantendo de um lado; e Lula/Wagner do outro se repetirá em 2010.

   Cavalo não desce escada; nem sobe já dizia Ibrahim Sued. Aliás, o único que subiu a escada do Hotel Ritz, em Barcelona, foi um cavalo dado de presente a Galas pelo surrealista Salvador Dalí.

   E, na política, não cabe surrealismo outra vez.