Falta a mesma pegada original dos anos 1980
O PT tem falado muito na força de sua militância nesta campanha municipal em Salvador e a ela se atribui, nesse final de jornada, a possibilidade de Pinheiro ainda conseguir a tão sonhada virada, já anunciada desde o primeiro turno, sobre o candidato do PMDB, João, hoje líder das pesquisas do segundo turno.
Há sinais evidente nas ruas de que a militância do PT, tal como foi organizada nos anos 1980, formatada no embate estudantil dos anos 1970 com vigência da ditadura militar imposta ao país a partir de 1964 até 1984, envelheceu, não se renovou com esse mesmo espírito e, se não está 'morta', suspira com pequenos quadros, porém, não produz o mesmo efeito das campanhas memoráveis de Lula e do PT nos Estados.
A realidade que vemos nas ruas e assistimos no 'boca-de-urna' do primeiro turno, em Salvador, é de uma "militântica" petista majoritariamente paga, utilizando-se dos mesmos métodos praticados pelos outros partidos políticos, a exceção do PSOL/PSTU/PCO.
Evidente que ainda existem os verdadeiros militantes, aqueles que empunham a bandeira do PT com amor à causa e ao ideário do partido, eles não devem ser desmerecidos nesse processo porque trabalharam muito, mas, são uma minoria no universo da capital. A população de Salvador mudou e o PT não viu isso, sobretudo nas classes C/D/E.
Veja que o PT não conseguiu promover um evento de porte com base nessa militância, como aconteceu com os 'caras pintadas' fora Collor e com os embates que se davam contra o 'carlismo', salvo uma caminhada realizada no centro da cidade, no primeiro turno, ainda assim sem as características guerreiras do passado, sem palavras de ordem de efeito e sem o mesmo entusiamo.
Há de se dizer que o PT é governo com Lula, desde 2003, e com Wagner, desde 2007, e é natural que antigos e vibrantes dirigentes dos movimentos sindicais e políticos tenham se abrigado nas asas do poder, e o PT também passou a ser vidraça. As antigas causas foram postas no armário da história e exercita-se o direito de governar.
A militância não foi capaz de discernir os movimentos do PMDB e de João e, sem a orientação das lideranças, as quais, subestimaram essa força crítica da "base/oposição", e sem o "grito de guerra para que levantassem as suas bandeiras históricas de luta" chegam ao final da campanha sem fôlego, com sinais de 'importação' de alguns dos seus 'membros partidários' de Camaçari, Lauro de Freitas e Feira de Santana, entre outros.
É pensar no futuro. A própria renovação do PT na Câmara de Vereadores de Salvador mostra que nada de novo surgiu no cenário, exceto se considerarem Carballal com sendo indicador desse movimento.
Ainda assim, os militantes e/ou os "militantes" são a esperança do PT no domingo próximo quando se decidirá o pleito na capital dos baianos. É o que dizem os seus dirigentes partidários.