Tasso Franco é editor deste site
No melhor debate realizado até agora nesta campanha eleitoral para prefeito de Salvador, na TV Aratu, sob o comando de Casemiro Neto, o candidato do PSDB, Antonio Imbassahy, ao mudar sua estratégia em relação aos debates anteriores na Band Bahia conseguiu desestabilizar o candidato do PMDB, João Henrique, e sobressaiu-se bem.
Com a participação de 4 jornalistas (Flávio Oliveira, A Tarde; Luis Augusto, Tribuna da Bahia; Osvaldo Lira, Correio; Raul Monteiro, blog Política Livre; e do radialista Mário Kértész, Rádio Metrópole) e também com perguntas de representantes das comunidades da capital presentes no estúdio, o debate revelou que os 4 nomes competitivos buscam o segundo turno, sem alianças preliminares, ainda que o franco atirador Hilton Coelho, PSOL, tenha se referido a dobradinha Pinheiro + João, e Imbassahy + Neto.
Pelo contrário, cada qual procurou demarcar seu terreno, Imbassahy sendo mais impetuoso (sobretudo em relação a João Henrique), Neto tentando impor a condição de líder nas pesquisas e com respostas bem objetivas, Pinheiro sempre ancorado em Wagner/Lula, e João Henrique, que havia se saído muito bem no último debate da Band, desta feita se perdeu completamente.
Desde o início do programa, quando Imbassahy o surpreendeu dizendo que o pior problema de Salvador (pergunta comum a todos) era a falta de gestor competente, a farra da propaganda e o endividamento da Prefeitura (R$280 milhões), entre outros, que o candidato do PMDB não se aprumou mais.
Em algumas respostas chegou a desprezar 30/40 segundos que lhes sobravam e não soube, como ocorreu na Band, espremer Imbassahy.
O candidato do PT, Walter Pinheiro, foi apenas mediano. Na resposta a pergunta de Flávio Oliveira, de A Tarde, sobre a tímida participação de Lula em sua campanha dando prioridade a Feira de Santana, não conseguiu sair-se bem. Enrolou e desviou a atenção para aspectos positivos dos governos Lula/Wagner.
Pinheiro também perdeu a oportunidade de polemizar com ACM Neto quando teve a chance de fazer uma pergunta direta ao candidato do DEM, mas escolheu o tema errado (PDDU) onde tem posturas diferenciadas de acordo com a platéia onde fala. Poderia ter chamado a sí a polêmica com Neto, como fez Imbassahy com João, porém, deixou a oportunidade escapar.
ACM Neto, de sua parte, líder das pesquisas, teve a preocupação (bastante nítida) de não errar. E, de fato, se não foi brilhante na exposição de suas propostas, conseguiu atravessar o debate sem deslizes. Respondeu a tudo e a todos com objetividade, o que é de grande agrado do telespectador, e ainda conseguiu indispor Pinheiro x João na questão da farsa da propaganda enganosa da Prefeitura, denuncia formulada no programa eleitoral de Pinheiro.
Este, aliás, foi o melhor momento de Pinheiro no debate quando referendou a denúncia e se dispôs a ir aos locais onde o governo de João teria feito as tais casas. Denúncia, aliás, a mais grave realizada na campanha até agora e que poderá render problemas ao candidato do PMDB se não conseguir reagir (como não soube fazê-lo no debate) nos seus próximos programas de TV.
No final, com cena à parte, porque envolveu uma polêmica entre Imbassahy x Mário Kértesz, este se descontrolou emocionalmente e Imbassahy levantou suspeita sobre os elogios graciosos que estaria fazendo ao prefeito João na Rádio Metrópole quando, até pouco tempo era um crítico mordaz do prefeito.
Como Kértész quis imputar a Imbassahy à condição de mentiroso, ao usar a expressão o melhor prefeito do Brasil com base nas pesquisas DataFolha em 12 cidades de regiões metropolitanas, o candidato do PSDB respondeu de bate-pronto, de forma firme, deixando o radialista descontrolado.
O candidato Hilton Coelho, PSOL, franco atirador, não foi levado em conta por nenhum dos outros 4 candidatos. Desta feita, HC, que havia se destacado nos debates da Band ficou repetitivo, sem conteúdo e completamente confuso.