Tasso Franco é diretor de redação do BahiaJá
O deputado ACM Neto, por enquanto, foi o único dos candidatos a prefeito de Salvador, a apresentar algumas propostas à cidade e sua gente. Propostas, diga-se de passagem, algumas delas bastante ambiciosas e que só poderão ser executadas com os apoios dos governos estadual e federal.
Natural que assim fosse, daí que o candidato, ao lançá-las, não direcionou críticas políticas ao governador Jaques Wagner, nem ao presidente Lula, seus desafetos.
A exceção do "big-brother" nos bairros já instalado nas grandes cidades européias e norte-americanas, nada inovador ou transformador como havia anunciado Neto nos "teaseres" (comerciais de TV de 15 a 30 segundos) que foram ao ar no horário do Democratas, recentemente.
As propostas, pelo que se pode perceber, porque elas ainda serão ampliadas (ou encurtadas) no decorrer da campanha com sugestões da população, tem muito do dedo de planejamento do ex-secretário e hoje deputado Luís Carreira, técnico que conhece bem a cidade e ajudou na primeira gestão Antonio Imbassahy (1997/2000) a tirar Salvador do sufoco deixado pela adfministração Lídice da Mata (1993/1996).
O "big-brother" apenas com recursos da Prefeitura é uma utopia, uma vez que, se não estiver lincado com a Central de Telecomunicações da Polícia (SSP/governo do Estado) fará pouco efeito. Em Londres, que tem um dos mais perfeitos "big-brother" do mundo ocidental, a Scotland Yard é quem opera o sistema e age em casos de ilícitos.
Ademais, é um sistema caro, de difícil manutenção (veja que a incivilidade de Salvador chega ao ponto de roubar fios de cobre da iluminação pública) e exige uma logística enorme numa operação conjunta cidade/estado.
Outro ponto interessante a ser destacado entre as propostas é a criação de um 3º Centro e Nova Rodoviária, com o propósito de integrar bairros do miolo (Tancredo Neves, Mata Escura, Estrada das Barreiras, parte do Cabula, etc) com o Subúrbio Ferroviário (Paripe, Periperi, Coutos, Ilha Amarela, etc) e mais ilhas (Paramana, Maré, etc).
A proposta é confusa porque são três realidades distintas, cabendo, se fosse o caso, um 4º e 5º centros. Adiante, retirar a Rodoviária donde se encontra, no coração novo da cidade, no eixão Noirte/Sul; Leste/Oeste não seria salutar.
A Rodoviária de Salvador precisa, isto sim, de uma reforma ampla geral e irrestrita, há espaço para isso, tecnologia idem-idem, e situa-se na boca do centro dinâmico da economia da cidade. Deveria, isto sim, ser integrada ao Metrosal, a partir da estação do Acesso Norte com extensão até o Aeroporto de Salvador e Lauro de Freitas, como acontecem em Madrid e Barcelona.
As propostas para Saúde e Educação são tradicionais. O programa estudante em tempo integral vem sendo tentado no Brasil desde Anísio Teixeira, passando por Leonel Brizola e até Fernando Collor de Melo. Na época do prefeito Imbassahy, foram implantadas algumas escolas com essa mesma dimensão, mas, o problema é a falta de recursos para gerenciar um modelo dessa natureza de forma espacial. A questão, aí, é saber quem vai pagar a conta e como qualificar pessoal para uma tarefa dessa natureza.
Planos para as orlas, centro histórico e Avenida Luiz Viana Filho (Paralela) só serão exitosos se tiverem aportes dos governos estadual e federal. Uma Secretaria de Prevenção à Violência não tem sentido.
De toda sorte, aí estão alguns pontos programas de ACM Neto para Salvador.