O governo precisa mostrar a sua cara
O governo Wagner precisa começar e investir em comunicação para mostrar as realizações ao longo desses 15 meses de gestão.
Essa ação, além da componente jornalística organizada pela imprensa a partir de entrevistas, encontros, inaugurações com a presença do governador e/ou secretários de estado e diretores de órgãos, também pressupõe a mídia institucional paga produzida pelas agências de publicidade que participam da conta governo.
Sem essas duas pernas em funcionamento, azeitadas e interligadas entre si dentro de um programa de comunicação, acontece o que se passa no momento, onde o governo tem muitas realizações em curso, porém, não são conhecidas do grande público.
A Bahia é um Estado com a dimensão da França, quase 14 milhões de habitantes, uma orla atlântico com 1.000 km e com culturas vizinhas ao Norte (Piaui), Centro-Oeste (Tocantis), Nordeste (Pernambuco, Sergipe, Alagoas) e ao Centro-Sul (Espírito Santos e Minas Gerais).
Trata-se, portanto, de um universo que sofre influências de outras economias e estados, multicultural, do caboclo ao praiano, do século XVI ao contemporâneo, e necessita de uma identidade de governo forte e integrada.
Para tanto, para que essa marca seja difundida e absorvida pela população o governo tem que utilizar os meios de comunicação de massa - TV, rádio, internet - com reforços dos tradicionais - jornais, revistas, serviços de sons, cartazes, etc. - para mostrar o que faz.
Acontece que o governo Wagner tem sido tímido demais em ações dessa natureza no uso dos veículos de massa e passa a impressão, ao grande público, de que está paralisado, inerte, realizando uma administração muito aquém das expectativas do que apresentou em campanha.
Veja, por exemplo, a diferença em relação ao governo federal.
O presidente Lula usa o mais que pode o rádio, a televisão e a internet no plano jornalístico e a comunicação institucional do governo reforça essa presença com a publicidade do Brasil para Todos na educação, saúde, esporte, lazer, infra-estrutura e outros.
Além disso, as empresas e órgãos (Petrobrás, BNDES, Banco do Brasil, Caixa, Embratur, etc.) dão suporte a esse meio de campo com mais iniciativas jornalísticas e publicidade.
Agora, acompanhe o que acontece no governo Wagner. Estamos no quarto mês de 2008 e nada na TV neste ano, salvo as campanhas institucionais (Carnaval, febre aftosa, matrícula escolar, dengue - esta última só no rádio) numa timidez impressionante.
A Agecom (Agência de Comunicação do Governo) dispõe no seu orçamento algo em torno de R$100 milhões para as ações de propaganda e eventos, sendo R$65 milhões para publicidade; e R$35 milhões para o segmento eventos.
É verba orçamentária e própria para esse fim. Há, no âmbito da cultura do PT, pelo menos no caso da Bahia, que está sempre atrasada em relação ao que se passa em Brasília e no Centro-Sul, que os governos do passado (os tais 16 anos do PFL) esbanjavam em propaganda.
Trata-se, obviamente, de uma visão antiga, distorcida do que representa a comunicação, rubrica que é igual a outra qualquer de uma administração pública, porém, ainda hoje vista com esse viés por setores do atual governo da Bahia.
Também há de se dizer que R$100 milhões são uma dinheirama e que esses recursos poderiam ser aplicados noutra atividade.
É outra bobagem que não tem tamanho porque todo mundo sabe que propaganda custa dinheiro, a difusão pelos meios de comunicação de massa é compatível em preços com seu alcance. Portanto, dentro da realidade.
Se alguém quiser colocar um anúncio no Jornal Nacional programa que é visto por mais de 70 milhões de pessoas paga um preço; e se quiser colocar um anúncio numa TV regional, com alcance para 2 milhões de pessoas, paga outro preço.
Agora, o que não de deve é fazer comunicação num Estado do tamanho da Bahia com revista ou serviço de alto falante.
Daria aqui exemplos de programas que estão sendo desenvolvidos pelo governo (infra- estrutura em estradas, avaliação na educação, centros digitais, tecnologia e industrialização da área mineral, etc.) e que são ou desconhecidos do grande público; ou limitados ao conhecimento de determinadas regiões.
Quando se melhora uma estrada ao Norte, obviamente que a população dessa região toma conhecimento do que se passa. Mas, a residente ao Sul, às vezes, 800 quilômetros de distância uma da outra, nada sabe.
Daí a importância do governo investir nos veículos de massa. Sem vergonha e sem achar que comunicação é bicho do outro mundo.
Agora, se continuar no ritmo atual, vai passar despercebido ao longo dos anos, e receberá o carimbo de um governo que prometeu uma grande transformação na Bahia, mas, isso só aconteceu no discurso, no gogó.