Colunistas / Política
Tasso Franco

SINAL DE ALERTA

Veja entrevista de Jorge Freire na íntegra, na Tribuna da Bahia
07/01/2008 às 11:09
   A entrevista do presidente da Federação das Indústrias da Bahia, Jorge Freire, ao editor de Economia da Tribuna da Bahia publicada nesta segunda-feira, 7, causou uma certa apreensão no âmbito do governo do Estado, não só pela análise que Jorge fez da economia local e comparativos com outros estados, mas, sobretudo, pelo fato de que o governo Wagner precisa mostrar mais ação.

   E, neste caso, segundo um interlocutor em off do Palácio de Ondina, o governo já fez muita coisa, tem trabalhado duríssimo em diversas frentes, mas, mas falta-lhe um suporte de comunicação, quer o plano interno, quer nas relações com a imprensa que forma opinião. Nesse aspecto, o governo estaria isolado, sem ter quem o defenda ou pelo menos analise o que promove.

   Falta-lhe, também, uma tropa de choque interna para fazer o contra-ponto com artigos e textos escritos na imprensa local e nacional na área econômica. Foi o caso, por exemplo, de recente artigo em A Tarde analisando os indicadores de crescimento da Bahia, em 2007, menores do que os do governo federal, havendo uma inversão ao processo histórico que vinha acontecendo desde 2003.

   As palavras do presidente da FIEB, ditas fora do âmbito do meio político partidário, repercutiram bastante em todos os setores: empresarial, político, artístico, comercial, etc, sobretudo sabendo-se que Freire é uma personalidade sensata e de poucas críticas em aberto ao púlbico, além de um técnico gabaritado, experimentado e que conhece os cenários local e nacional com propriedade.

  O que disse, bem resumido pela Tribuna da Bahia no título da manchete "Ou a Bahia cobra ou vai ficar para trás" resume todo contexto da entrevista e serve como sinal de alerta ao governador Jaques Wagner e sua equipe, bem como para a bancada baiana (deputados federais e senadores) que passou 2007 sem sentar-se para analisar essas questões prioritárias ao desenvolvimento do Estado.

  Some-se a entrevista de Jorge um artigo que Paulo Ormindo fez em A Tarde, do último domingo, quando analisa o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Cidade do Salvador, para ele uma espécie de embrulho de mau gosto, situando que Recife/Olinda está se organizando no âmbito de um projeto cultural de porte e dimensão nacional, que levará Recife a ser a capital do Nordeste brasileiro.

  O que, aliás, já vem sendo. Basta olhar o que se passou no aniversário de Recife, em 2007, e o que aconteceu com Salvador. Recife trabalha um parque temático cultural com investimentos de R$36 milhões; enquanto Salvador reinaugurou a travessia Ribeira-Plataforma. Ou seja, ligando dois extremos da cidade, sem perspectivas econômica e cultural, sem nada.

  A entrevista de Jorge Freire, portanto, soou como um sinal de alerta e mais do que isso, uma viso em torno de uma unidade em defesa da Bahia. 

  Não foi uma crítica descabida, desorganizada. Tratou-se de uma advertência para os gargalos que estão concentrados à economia baiana, na indústria de transformação, no setor automobilístico, na petroquímica, na infra-estrutura, demandando um esforço muito grande de governo e empresários para dar um novo passo adiante.

   O mundo está globalizado, mais competitivo do que nunca e alguns segmentos do governo atual atual precisam se enquadrar nesse contexto. Caso contrário, é como frisou Jorge, vão colocar seus investimentos em outros estados.