De acordo com o DataFolha é apenas um governo regular
O governador Jaques Wagner completa um ano à frente do governo da Bahia promovendo, segundo a pesquisa DataFolha que ouviu a opinião dos baianos, uma administração regular. Wagner tem 30% de ótimo/bom e 24% de ruim/péssimo. Isso significa dizer que há uma enorme faixa da população (em torno de 42% a 46%) que está observando com desconfiança o seu governo e estacionada no patamar regular, podendo migrar para o ótimo/bom; ou para o ruim/péssimo, a depender do desempenho daqui para frente.
No balanço que o governador fez através de matéria da Agecom posta no seu site, Wagner considerou que o ano de 2007 foi positivo. E, enumerou alguns feitos que foram mais importantes, como o PPA participativo, o crescimento econômico do Estado em 4.5%, a relação respeitosa com os outros dois poderes e à sociedade, o Topa (Todos pela Alfabetização), o programa de isenção do ICM para consumidores de energia elétrica até 50KW, as mesas setoriais de negociações com os trabalhadores, entre outros.
Destaque especial para a parceria com o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Wagner está consciente de que, esse aporte do governo Lula é de fundamental importância para o seu governo, dada a herança que herdou do então ciclo do ex-PFL, de 16 anos, com sua pretensão de modificar métodos, hábitos e o modelo de gestão. Daí que tem cunhado com certa ênfase a expressão "Revolução Social" para diferenciar-se do passado.
Mas, a rigor, até agora, os movimentos do governo Wagner têm sido lentos para a expectativa que, tanto o PT com sua história; quanto o candidato Wagner gerou durante a campanha de 2006 levando-os à vitória em primeiro turno. Esperava-se mais. Aconteceu menos. E há quem compare os estilos Waldir/Wagner assemelhados, embora as circunstâncias e as alianças sejam diferentes, tanto no plano local; quanto no nacional comparando-se 1987 e 2007. Waldir deparou-se com o governo José Sarney e ACM nos seus calcanhares; Wagner tem Lula no poder e anda sem assédio político às suas botas.
De toda sorte, existe uma relação entre esses dois governos na medida em que, ainda que o governo atual tenha todo esse suporte do governo Lula, é lento, demora de tomar decisões, alguns projetos se arrastam em discussões intermináveis, a PGE está atolada de processos para aprovação de pareceres e o governo ainda não criou uma marca junto à população porque sua política de comunicação é amadora. Ademais, pelo menos quatro setores derraparam neste 1º ano: segurança/turismo, saúde, educação e cultura.
Veja o caso da Saúde como exemplo. Trata-se de uma área prioritária junto à população de baixa renda e até da classe média. Houve uma modificação de métodos na gestão adotando-se um modelo estatizante e centralizador. Resultado: os hospitais de emergência entraram em parafuso e o atendimento da saúde pública voltou a mídia com forte intensidade, mortes na porta de hospitais, corredores repletos de pacientes, falta de médicos, etc, prejudicando, sensivelmente, a imagem do governo.
Tome-se, agora, a marca que o governo quer estabelecer como uma "Revolução Social" expressão que ganhou corpo na fala do governador, no final de ano, no programa de rádio da Agecom e nas matérias difundidas pela Agência do Governo. A expressão está solta, sem consistência, porque desprovida da realidade. Para se organizar um movimento dessa natureza, as escolas teriam que estar funcionando bem, os hospitais idem-idem, os programas sociais em pleno embalo, e nada disso está acontecendo. Salvo o Bolsa Família e o Luz no Campo que são do governo federal. O Topa e o Água Para Todo ainda são noviços e a população ainda não ou percebeu, ou não chegou até ela essa tal de "Revolução"
O governador tem monitorado seu governo através de pesquisas qualitativas e quantitativas e sabe o que está acontecendo na sua praia, muito mais do que a vã filosofia estabelece. Está melhor no interior do que na capital e, logo após a divulgação do DataFolha tomou algumas medidas, ainda imperceptíveis à opinião pública, mas, sobre as quais, mostra que imprimirá um ritmo mais veloz à sua administração. Uma dessas medidas foi liberar convênios com Prefeituras na Secretaria de Agricultura que estavam emperrados no aguardo de parecer da PGE. Lá se foram, segundo fontes em off e dados do Diário Oficial, R$50 milhões para programas compartilhados.
Embora o governador tenha elogiado o secretário Jorge Solla, de público e nos programas de rádios que pontuou no final do ano, e tenha feito pouca referência ao secretário Adeun Sauer, da Educação, sabe que essas duas áreas - de acordo com as pesquisas internas que tem - passam por problemas, a primeira diante do caos que se estabeleceu nas emergências dos hospitais públicos, e a segunda devido a prolongada greve patrocinada por um dos seus parceiros políticos, o PCdoB. São áreas vitais, de interrelacionamento com a população, diariamente, e que precisam ser melhoradas.
Além dessas áreas, o ponto crítico - este reconhecido de público por Wagner - é a pasta da Segurança, com crescentes índices de violência, o que tem assustado o governo e a população, além de estar prejudicando uma área importante para o Estado, como imagem e como economia, o turismo. A inapetência do sisema de segurança para prender marginais que assaltaram um grupo de alemães no Litoral Norte, as declarações desastrosa da delegada e outros senões, revelam uma falta de comando e entrosamento lamentáveis. E este não é um caso isolado. Existem dezenas de outros. Esta semana, mataram dois jovens na Boca do Rio, à tarde, num calçadão.
No plano político, graças a essas incertezas do governo, o principal adversário político visível do governador, o ex-governador Paulo Souto, presidente regional do Democratas, se sentiu mais à vontade para elevar um pouco mais o tom do seu discurso e uma pesquisa recente, também em âmbito interno do DEM, revela que a população continua tendo muita simpatia por ele, especialmente na capital. Uma terceira força política, o ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, avança numa velocidade de cruzeiro na capital e no interior, por conta e risco de sua impetuosidade, mas, sobretudo, porque está vendo os espaços abertos flutuantes.
Há um sentimento de que, em 2008, Wagner dará uma dinâmica maior ao seu governo. Tem tudo para fazê-lo. Já organizou a administração ao seu modo, estabeleceu padrões de democracia invejáveis no Estado, continua com excelente relacionamento com o governo do presidente Lula, tem muitos projetos em andamento, há recursos em abundância, e agora é só pisar o pé no acelerador, cobrar resultados e divulgar. O tempo do retrovisor passou. Agora é olhar para o pára-brisa.