O prefeito entra 2008 com o pé direito
Quem conhece o mínimo dos bastidores da política tinha pleno conhecimento de que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), embalado e envolvido em amplos interesses do mercado imobiliário de Salvador, seria aprovado pela Câmara de Vereadores.
Todo o cenário que se organizou nesses últimos meses para dourar o projeto seguiu um roteiro político e administrativo, visando testar a fidelidade da base aliada do governo municipal e dar uma nova feição à gestão João Henrique (PMDB), no seu quarto ano de governo, ele que está na lanterninha dos 9 avaliados em capitais brasileiras, segundo o DataFolha.
O projeto, estruturado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, na última semana e em conversa de gabinete com apoio dos Democratas, revelou-se exitoso na medida em que o PDDU foi aprovado por 26 x 14 votos, o PMDB expurgou da base o PCdoB e agora colocou em nocaute o PT e o PSB, além do PPS.
Isso significa dizer que, independente do que venha acontecer na malha urbana com a aplicação do PDDU, o prefeito João Henrique pisará no ano eleitoral de 2008 com mais firmeza, forte politicamente, irredutível porque amparado em Geddel, e sentindo-se o mais competitivo dos candidatos da base aliada.
Resta obviamente saber o que acontecerá daqui pra frente com o que restou da base aliada (PT, PSB e PCdoB) se ela vai para o confronto com o prefeito ou se entrará num processo de fragmentação. A vitória de João com a aprovação do PDDU não retirando-o da pauta como esses partidos queriam, certamente representará um divisor de águas daqui pra frente.
O PSBD, com Antonio Imbassahy; e o PRB, com Raimundo Varela observam os novos movimentos políticos que acontecerão pós-PDDU diante desse campo minado que se apresentará a partir de janeiro de 2008, o ano da sucessão municipal. Qualquer passo em falso será fatal. Conversar política, então, passou a ser uma exigência ainda maior, visto a dessarrumação que se processou no decorreu desse embate.
No plano administrativo propriamente dito, o PDDU não trará reflexos nem imediato e nem a médio e longo prazos para a população mais carente da cidade e que decide a eleição, porque é a majoritária em termos eleitorais. A cidade onde essas pessoas vivem não tem mais solução.
A rigor, o grande beneficiário do novo PDDU são os empresários da construção civil e a classe média alta que ocupará os espaços de filé que ainda restam na linha da Orla Atlântica e na Avenida Paralela.
O PDDU não mexerá no eleitorado de Pedrinho Pepê, Bomba, Marlene e outros vereadores de bairros. Mas, os acordos para a aprovação do PDDU, estes sim, serão importantes para eles e outros edis.
O otimismo do prefeito João Henrique de que as novas gerações vão se orgulhar desse projeto, com certeza, passará ao largo da maioria da população. Como frase de efeito é perfeita, mas, na prática, na realidade, nada se modificará para os suburbanos de Plataforma ou os praianos do Bairro da Paz.
De toda sorte, agora é lei, e o PDDU entrará em vigor com um prefeito mais fortalecido politicamente, bem alicerçado em base empresariais e bastante competitivo para sua reeleição.