Há muitas queixas sobre a lentidão do governo Wagner
Diante da polêmica suscitada pela oposição e por setores do próprio governo do Estado (fogo amigo) sobre o Norte, os rumos da administração, o governador Jaques Wagner (PT), ao lançar o Plano Plurianual (PPA 2008/2011) na Assembléia Legislativa tentou, de alguma forma, dar essa diretriz revelando que não haverá sofreguidão de sua parte, pressões de qualquer natureza, e está firme e consciente como timoneiro do processo e seu jeito de governar.
Para tanto, deixou claro que adotará como prioridades o setor social, a área produtiva e os três pilares de qualquer governo no Brasil atual: a educação, a saúde e a segurança. Além do que, no plano político, vai continuar de braços abertos para receber adesões de lideranças que queiram se enquadrar no que classifica de nova forma de governar, de maneira democrática e participativa.
Aliás, segundo o governador, essa foi a ênfase de concepção do PPA, num modelo em que valeram a experiência e a competência de sua equipe, mas, se inseriram nesse contexto como elementos importantes do processo as opiniões das plenárias dos sub-distritos ou conselhos territoriais, enfaixadas no Território. Concepção nova, gregária da população com 12 mil vozes referendando a peça.
A proposta do governo é transformar a população além de destinatária das ações governamentais, atora do processo, numa escala de representação, sem excluir a representatividade formal (câmaras de vereadores e Assembléia Legislativa) que revele os anseios do Território (a Bahia). Ou seja, os 12 mil que participaram das plenárias são os espectros dos 13 milhões de habitantes do Estado.
Nesse sentido, o objetivo do governo é crescer distribuindo com a população ao mesmo tempo, de maneira que possa diminuir as desigualdades sociais e formatar um modelo de gestão inovador, onde, se não existem recursos para tudo (como não há) o melhor são utilizá-los de forma a contemplar o desenvolvimento vinculado ao indivíduo.
Aí está, portanto, o Norte do governo tão cobrado pela oposição na Assembléia Legislativa e em setores do Congresso Nacional, dando conta de que já se passaram oito meses de administração e, até o momento, não se vê uma ação mais consistente do governo, mais visível do ponto de vista midiático e de entendimento da população.
A rigor, a proposta posta para o debate na AL não sinaliza que esse perfil será modificado a curto-prazo, quer porque o PPA engloba quatro anos de gestão (2008/2011); quer porque, de fato, o governo não dispõe de algo inovador, substancialmente diferenciado para apresentar à população, até o momento.
As três áreas bases (segurança, educação e saúde) enfrentam sérios problemas de gestão, atropeladas pela crescente onda de homicídios e outros, na capital e RMS; greve de professores e quebra de expectativa dessa categoria com o governo; e estatização dos serviços de saúde, respectivamente. A proposta do Estado em voltar a ser fabricante de remédios, através da Bahiafarma, soa como uma medida alheia à contemporaneidade.
Evidente que a proposição do PPA à Assembléia Legislativa para ser aprovada pela maioria não vai arrefecer os debates em relação ao Norte do governo, aos tais rumos da administração, salvo se Wagner imprimir mais velocidade em algumas ações e mostrá-las à sociedade. Às vezes um governo é lento na forma de se comunicar, embora seja ágil aos olhos internos da equipe administrativa.
Há, sem dúvida, excessos de conferências, diagnósticos e debates, o que é natural num governo participativo, mas, a população fica apreensiva com os resultados práticos, com o que chega à sua disposição, como será beneficiária desse movimento. De fato, a afirmação de Wagner na AL desejando transformar o cidadão comum, além de um beneficiário num ator do processo, faz pouca diferença à maioria da população, uma vez que, na prática é quase impossível que isso aconteça, salvo através das representações formais, nos conselhos territoriais, ONGs, sociedade organizada, nas câmaras de vereadores e AL.
Portanto, esse parcece ser o grande desafio do governo: ser participativo; e, ao mesmo tempo ser ágil, mostrar que está governando com determinação sem ficar olhando para o retrovisor. Quando o governador vai a TV e diz que a Conferência Estadual de Saúde definirá os rumos do setor, neste mês setembro, transmite a população uma mensagem com pelo menos um ano de atraso, levando-se em consideração que foi eleito em outubro de 2006.
Daí que, embora o PPA seja uma peça importante para o governo, como disse o governador na AL, "uma peça fundamental para o povo baiano" é preciso se fazer algo mais no plano imediato, sem necessariamente cheirar a marketing político, algo no estilo e ritmo do novo presidente da França, Nicolas Sarkozy, o super Sarkô, o qual, em pouco tempo de governo deu uma mexida na sonolenta pátria de François Mitterand.
Se é para mudar a Bahia, sacudir as suas estruturas, parâmetros que vem sendo perseguidos há anos pelo PT, expectativas geradas, poder nas mãos, Norte definido, resta agora entrar em cena o Super-Jaques.