Houve uma quebra da relação entre a categoria e o governo do estado
Até a última eleição majoritária na Bahia, em 2006, a categoria dos professores da rede estadual de ensino, nos níveis médio e universitário, alinhava-se, na política, com as lideranças do PC do B e do PT, na esperança de que, esses partidos quando chegassem ao poder máximo no Estado revissem as questões dos seus minguados salários.
Os professores, ao longo dos anos, incentivados por esses líderes, sempre colocaram em pauta ajustes acima da inflação visando assegurar perdas históricas em seus salários, a deteriorização do poder de compra, a humilhação nas salas de aula, entre outros.
Chegou-se, nos governos do então PFL, a propor reposições de até 84% nos salários, tese amplamente defendida pelas lideranças do PC do B e do PT.
Nas últimas eleições, finalmente, o PT chegou ao poder, com Jaques Wagner governador e Edmundo Pereira, do PMDB, na vice. O PC do B também se sentiu no poder na medida em que participou da coligação que elegeu Wagner/Edmundo.
E, desde então, a categoria dos professores achou ou entendeu que a sua situação salarial iria se modificar, os tais ganhos das perdas acumuladas seriam resolvidos e, assim, iniciou-se o ano de 2007, com essa expectativa, inclusive animada com as declarações do indicado secretário da Educação, Adeun Sauer, até mesmo antes de assumir o cargo, de que a educação seria prioritária, democratica e coisa e tal.
Mas, o que se viu ao longo desses últimos meses foi uma quebra-de-braço entre o governo do Estado e a categoria dos professores, até agora, sem que houvesse um ganho real acima do que foi aprovado pela Mesa Central de Negociações e pela Assembléia Legislativa, reajustes que variam de 4.5% a 17.28%, parcelados, o que só levará a categoria a perceber o salário mínimo (professor de nível médio) em novembro deste ano.
Duas greves violentas desmantelaram a prioridade do ensino. A primeira, dos professores do segundo grau; e, a segunda, dos professores das universidades estaduais. Em ambas, os adjetivos lançados contra o governo e o governador Wagner foram de "autoritário", "desrespeitoso", "traidor", "enganador", entre outros.
Ou seja, houve uma quebra de confiança entre a categoria e o governo do PT/PCdoB, os professores se sentiram traidos e, hoje, encontram-se órfãos na medida em que consideram que o atual governo se assemelha ao do PFL, com as mesmas práticas em relação às reivindicações da categoria.
E agora, para onde irão os professores em termos políticos, em 2010?
Essa é a pergunta que se faz, no momento, no meio político, entendendo-se que se houve uma quebra de confiança com o governo Wagner, a categoria o abomina, pelo menos 80% dos professores, e não marchará com o PT na próxima eleição. Ao contrário, fará oposição.
Mas, para onde essa categoria se deslocaria?
Para o Democratas é pouco provável, pois, historicamente sempre foi contrária a esse grupo. Para o PMDB também parece pouco provável na medida em que o PMDB é coadjuvante do PT e, em sendo assim, é tudo farinha do mesmo saco quando se tratam das reivindicações dos professores: PT,PCdoB,PMDB e DEM são (na tese dos professores) todos iguais.
Para o PSB da deputada Lídice da Mata é um caminho, mas, este partido não tem força para lançar um candidato a governador, em 2010, salvo se Lídice eleger-se prefeita de Salvador, em 2008. O PSB faz parte da coligação com o PT, mas, se finge de morto. Só quer os ganhos, se preserva ao máximo e não entra nesse tipo de debate.
Poderá, portanto, em 2010, abraçar o professor e ser abraçado por essa categoria, ainda que, não venha a ter perspectiva alguma com esse partido, no futuro.
A rigor, hoje, a categoria dos professores encontra-se orfã, a procura de alguém que garanta resolver as suas questões salariais.
Obviamente que, Wagner, ainda com três anos de governo pela frente, poderá modificar suas relações com os professores. Garante que vai "resgatar a qualidade da educação por meio de investimentos na rede física, com um novo projeto pedagógico e na melhoria e qualificação dos recursos humanos".
Mas, nesse momento, até que pomova algo nessa direção, na prática, nenhum professor; nem pai de aluno; nem aluno acredita nisso.