A história é conhecida e vem se arrastando há meses. A permanência de integrantes do Partido dos Trabalhadores na administração pública municipal chegou a um consenso, com o prefeito João Henrique (PMDB) entregando os anéis ao PT, mas não os dedos; e o PT entregrando os dedos para receber anéis de latão.

   Ou seja, JH não ofereceu nada mais de relevante além do que o PT já tinha no governo (Saúde e Reparação), agora acrescidas das anôdinas secretarias do Governo e do Desenvolvimento Social, e determinados setores do PT, considerado o "partido da boquinha" como apelidou Anthony Garotinho, se contentou com as migalhas do poder.

   Essa é a questão posta em sua realidade. Certos foram o deputado Nelson Pelegrino que não compactuou com essa repactuação mambembe, o secretário da Articulação Institucional, Rui Costa, e o presidente do partido Marcelino Galo que lá não foram, na solenidade da coloção dos anéis, na qual, a única estrela cilitilante (embora não vermelha) foi a presença do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

   Experiente, Geddel não quis falar de política entendendo que o momento é de servir à capital. Longe do Tomé de Souza, outro personagem, deputado Sérgio Carneiro (PT) deslocou-se para Feira de Santana para inaugurar seu novo escritório político visando a eleição municipal de 2008, candidatíssimo que é, para enfrentrar em versão oposta a Salvador, ao candidato do PMDB, Colbert Martins Filho.

   De sorte que, a posse dos novos secretários, em vez de realinhar de uma vez por todas o PT com a administração municipal, só fez expor a divisão interna do Partido e mostrar que, adiante, esse casamento será dissolúvel. O PT - asseguram seus dirigentes de coturnos mais altos - vai ter candidato próprio à sucessão municipal, em 2008.

   Quem também se fingiu de "morta" na posse dos novos secretários foi a deputada federal Lídice da Mata, do PSB, fazendo entender que esse assunto não é com ela e seu partido, mas, com o olho no padre e o outro na missa, candidatíssima que é, em 2008, sobretudo depois que as pesquisa (GPP e PSDB) apontam seu nome em 3º lugar na corrida sucessória, atrás apenas de Antonio Imbassahy e Raimundo Varela. Mas à frente dos seus competidores no bloco atual, João Henrique e Nelson Pelegrino.

   É como se dissesse asssim: - Deixa lá eles que se resolvam - sabendo que as águas vão bater no rochedo e espalhar dissidência por todos os lados, no decorrer do processo que se afunilará no início de 2008, mas, já está à flor da pele nesta primavera que se avizinha.

   O prefeito, de sua parte, como já dito acima, pôs anéis de latão nos dedos dos petistas e organizou salvaguardas para manter o grupo sob controle, não cedendo a Fazenda, que está mantida com Oscimar Torres; não abrindo mão do Planejamento e do PDDU, com Cátila Karmelo, e criando uma Secretaria Extraordinária de Articulação Política para agraciar João Cavalcanti, seu conselheiro mor desde que Nestor Duarte Neto se foi, fortalecendo-o (ele e a função) e pondo Gilmar Santiago, o novo secretário de Governo sob vigilância.

   Como se sabe, Gilmar é suplente de vereador do PT e na função de Secretário de Governo é por a sopa no mel. Daí que, a sopa tem que ser vigiada, controlada, para não esquentar o prato e as insatisfações na Câmara de Vereadores. Já chega a escolha do novo líder, Sandoval Guimarães (PMDB), até pouco tempo desafeto do prefeito, de quem dizia cobras e lagartos, os quais (o prefeito e ele), deixaram o autêntico Silvoney Sales a ver navios.

   Ademais, troca por troca, nos meios de gestão da área da saúde, Luís Eugênio Portela seria assim um mestre em relação ao aluno Carlos Alberto Trindade (Carlão), na Saúde; Maria das Dores Loyola, a Dorinha da Cut, no Desenvolvimento Social será - asseguram - um aparelhamento do setor; e Antonia Garcia, na Reparação, troca de figuras de uma mesma área sem orçamento. Gilmar, como dito, poderá se constituir numa rainha Elizabeth II.

   Dito isso; mãos à obra para verificar, na prática, o que vai mudar na gestão da cidade do Salvador. Pelo exposto, apenas adiou-se uma morte política anunciada para maio de 2008. E, nesse esquife, o PT está com as mãos no caixão com seus anéis de latão.