Colunistas / Política
Tasso Franco

A CANDIDATURA DE ACM NETO À PREFEITO DE SALVADOR

A candidatura do deputado mexeria na sucessão municipal
09/08/2007 às 11:01
   O deputado federal ACM Neto (DEM) ainda não fez declarações à imprensa sobre os queixumes do senador César Borges em relação ao DEM e a direção regional do partido na Bahia, nem sobre sua provável candidatura a prefeito de Salvador, em 2008.

   Mas, a deputados em Brasília, tem dito que poderá ser candidato a prefeito da capital, sim senhor. 

   Trata-se de um fato novo, muito interessante para a política local que, se confirmada à sua disposição em encarar o pleito, modificará bastante o quadro da disputa sucessória em 2008.

   ACM Neto é, disparado, o deputado mais votado dos Democratas em Salvador, ousado, bom debatedor, jovem, estudioso, não perderia o mandato caso não seja vencedor, e, nesse aspecto, pode contabilizar como estratégia oxigenar seu nome para futuras disputas eleitorais.

   Ademais, com a morte do ex-senador ACM teria um campo favorável do ponto de vista histórico-emocional, conta com meios de comunicação para apresentar seus projetos de pré-candidato e críticas a desastrosa administração do prefeito João Henrique (PMDB), e dispõe de "saneamento básico" para fazer a campanha propriamente dita.

   Some-se a esses atributos o fato de pertencer a um partido (Democratas) que dispõe de tempo nos veículos de comunicação de massa (rádio e TV), no horário eleitoral gratuito, e capacidade de organizar em volta do DEM uma aliança com outros partidos constituindo uma coligação competitiva.

   Pode, ainda, o que é fundamental e urgente, ocupar um espaço que até o momento está vago no cenário local, qual seja de uma crítica mais dura e objetiva ao governo João Henrique, feita neste momento de forma populista pelo apresentador de TV, Raimundo Varela, o qual, mesmo não sendo do ramo político ocupa esse vazio na ausência de quem o faça.

   Vale também ressaltar que o antigo PFL, com César Borges disputando o primeiro e segundo turnos contra João Henrique, na época PDT, obteve mais de 20% dos votos no último pleito, em 2004, e isso representa um caldo de cultura do carlismo que está incrustado em determinado segmento da população, praticamente imutável, e que só tende a cresce com ACM Neto.

   Pesa contra o deputado o fato de que há um governo estadual do PT no poder, persiste uma tendência da população em traduzir esse momento como de mudanças na maneira de se fazer política, o que seria, em tese, o contra-ponto ao carlismo.
 
   Mas, nada que um bom marketing político não possa ajudar a desfazer ou embaralhar esse ponto de vista, até porque, a infeficiência da administração atual da cidade está colocada, visceralmente, nessa direção. João Henrique + PT, por enquanto, são uma mesma entidade. 

   Por fim, observando os outros prováveis concorrentes do pleito, Antonio Imbassahy não faria oposição a ACM Neto porque ficaria sem sentido; Raimundo Varela também não faria porque seu alvo é a cidade pobre onde a Prefeitura não age; João Henrique é a vidraça; Alice Portugal, do PCdoB, vai na direção de atacar o carlismo (o método); Nelson Pelegrino também atacaria o método (o carlismo); e Lídice da Mata, a candidata que pode dar mais trabalho se realmente se lançar, está será impiedosa.

   Contabilizando-se perdas e ganhos nesse cenário, a coluna ganhos prevalece. Daí que, uma candidatura de ACM Neto mexeria no quadro sucessório e embalhararia ainda mais o pleito, com possibilidade remota de vitória. 

   Em política, quem não arisca; não petisca.