Waldir foi governador da Bahia entre 1987/maio 1989
A saída de Waldir Pires do Ministério da Defesa expôs à luz nacional, o que os baianos já conhecem desde final da década de 1980.
Waldir teve uma oportunidade única como governador eleito na Bahia, em 1986, marca nunca batida até hoje com mais de 1.500.000 votos de dianteira e conseguiu em pouco mais de dois anos (1987/maio/1989) jogar por água abaixo um dos projetos mais sonhados dos baianos.
Esmureceu, mostrou-se de uma apatia administrativa incomum, quebrou as expectivas de milhões de pessoas que enxergaram na sua personalidade um Governo de Mudança.
Em seguida, entregou de mão-beijada e entre lágrimas (suas e dos correligionários) o governo a Nilo Coelho e foi advogar no cenário nacional que, para mudar a Bahia; seria necessário mudar o Brasil.
Nem uma coisa; nem a outra conseguiu executar.
Bateu-se contra o velho timoneiro do PMDB, deputado Ulysses Guimarães, num primeiro instante, depois se compôs como candidato a vice-presidente em sua chapa e amargou uma tremenda derrota.
Derrota que não teve grande significado no plano nacional, mas, na Bahia, imperdoável para Waldir.
Até hoje ninguém entendeu o que se passou e as explicações dadas por Waldir na época e ao longo dos anos, nunca convenceram nem aos seus partidários, muito menos ao eleitorado.
Vinte anos depois, após mudar para o PDT brizolista e agregar-se ao PT, sem nunca mais aprumar-se na Bahia, salvo graças a performance do PT com Jaques Wagner, ministro e amigo do presidente, chegou a Controladoria Geral da União e depois ao Ministério da Defesa.
Deu no que deu.
Deixa o Ministério desgastado, arrasado pela mídia nacional, enxovalhado por seus pares, inclusive pelo novo ministro, Nelson Jobim, o qual, ao assumir a pasta declarou que o problema no MD era a falta de comando, de autoridade.
Waldir, à exemplo de anos anteriores da época da ditadura militar recente, se utilizou dos velhões chavões da política brasileira, vendo uma "sanha" para atingir o presidente Lula (e não ele) e "insânia" de setores da sociedade (e da imprensa) que não respeitam a democracia.
Expressões que não cabem mais no contexto contemporâneo, salvo entendidas como desculpas esfarrapadas.
No episódio do afatamento de Waldir, o presidente Lula da Silva agiu com habilidade e elegância, apesar das alfinetadas do seu porta-voz em direção ao ex-ministro da Defesa. Há quem afirme que Lula demorou até demais para agir, respeitando a biografia do seu ministro.
Evidente que o ex-governador da Bahia e ex-ministro Waldir Pires não tem culpa cartorial pela crise aérea brasileira, até pelo pouco tempo que passou à frente do Ministério (10 meses), mas, os baianos que tão bem o conhece sabiam que seu perfil administrativo não era adequado ao cargo que assumiu.
E, já que assumiu passou a ser o responsável pela crise.
Aos 80 anos, vai se manter no front como sempre aconteceu em toda sua vida política, agregando à sua biografia esse revés, embora reconheça não ter concluído a missão, mas "plantadas algumas raízes" e deixado o cargo com a honradez que sempre caracterizou sua personalidade.
O tempo vai sinalizar, adiante, se Waldir passará a história como um estorvo nesse episódio.