Enquanto o apetite de Wagner é frugal; o de Geddel, de um operário da construção civil.
Um dos assuntos mais comentados nos meios políticos baianos é sobre o apetite do governador Jaques Wagner (PT) para governar, sobretudo diante de um comensal que tem se apresentado ao público com um apetite maior do que o praticado pelo governador.
O comensal na telinha é o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o qual, come pirarucus e piranhas nas cidades ribeirinhas do São Francisco; acarajés e abarás na cidade do Salvador; e carne de sol e pirão de leite no Sertão e no Sudoeste do Estado.
Enquanto isso, em gestos frugais, o governador prefere as lubinas de Peres Touriño, de Espanha, ou o bacalhau à portuguesa da velha e querida Lisboa das quintas e fados ou das letras de José Sarmago.
Há de se dizer que, quem com muita sede vai ao pote ou ao prato, pode se engasgar. Mas, há também se de dizer que, a modéstia no apetite governamental deixa a impressão, como ocorre nesse momento, que se criou uma expectativa enorme de mudanças e essas modificações não estão acontecendo.
E, como não são apresentadas à olhos vistos, desagradam os aliados, os companheiros e companheiras que imaginavam uma coisa e é outra.
Foi considerado inoportuna a última viagem do governador a Europa quando o Estado enfrenta uma greve de professores e a saúde pública um tremendo problema no atendimento de sua população nos hospitais de urgência, além de coincidir com a semana em que o ministro Geddel carimbava a execução das obras de Transposição do Rio São Francisco, a maior do governo do presidente Lula da Silva.
Era de se esperar, pois, que o governador adiasse a viagem, até porque nada de tão importante foi tratar na Espanha e em Portugal, enfrentasse a greve para encontrar uma solução, verificasse in-loco o que se passa nos hospitais e acompanhasse Geddel, como fez Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco.
A divulgação sobre a viagem do governador foi de um amadorismo como nunca se viu. O site da Agecom não revelou praticamente nada e a imprensa ficou a ver navios, mais uma vez, tudo isso como se Wagner não fosse a maior autoridade do Estado e não tivesse obrigação de dizer o que estava fazendo na Europa.
Na Assembléia, o clima é de desolação. Foram necessárias cinco sessões extraordinárias para votar o reajuste dos salários do governador, vice-governador, secretários de Estado e o 1º turno da LDO. Nos bastidores da base aliada há uma insatisfação enorme entre os deputados de outros partidos que não do PT.
Estima-se que, ou o governador muda de postura em relação a bancada, como fez o presidente Lula da Silva neste seu segundo mandato, ou terá problemas muito graves pela frente.
Enquanto isso, na visão dos políticos, o ministro Geddel Vieira Lima avança. E avança dando a impressão de que com ele e o governador vai tudo bem, embora, os depuados do PT e do PC do B não citem o nome de Geddel em seus pronunciamentos na AL; nem o convite do PMDB à filiação do prefeito de Salvador citava o parceiro Jaques Wagner.
Parceiro, este sim, segundo o PMDB, é o presidente Lula da Silva.
Então, aos olhos da opinião pública e na concepção de setores da população àquela mais humilde, àquela que depositou em Wagner a mesma esperança posta à disposição de Waldir Pires, em 1986, essa gente já está percebendo que Wgner assemelha-se a Waldir no apetite de governar.
E isso não é saudável; nem para o governador; nem para a Bahia. O parceiro prioritário de Lula é Wagner, segundo se colocou na última eleição. Agora, se Wagner abre mão desse posto e deixa Geddel ocupá-lo, aí, paciência, é mesmo uma questão de apetite.
Que o governador volte da Europa pisando em outro acelerador, urgente. Senão, sua vaquinha vai para o brejo.