O prefeito teve apoio da imprensa baiana e deve conduzir sua defesa com serenidade
Nem muito; nem tampouco.
Assim como a PF agiu de forma agressiva ao prender o prefeito de Camaçari, Luis Carlos Caetano (PT), na última quinta feira, 17, sob a acusação de ilícitos em relação a fraudes em contratos que envolvem dinheiro do governo federal; os petistas vinculados ao prefeito, mesmo com a matéria ainda em investigação para uma análise posterior de julgamento no STF, se apressam a difundir sua inocência a qualquer preço, querendo transformar o mortal Luís Caetano em uma espécie de santo, São Caetano.
Ora, direis; que ainda existe alguma inteligência na Bahia e o alerta para essa desenfreada postura dos partidários do prefeito partiu da autoridade maior do Estado, correligionário do prefeito, o governador Jaques Wagner (PT) que, ao ser entrevistado pela A Tarde, disse que encontrar R$142 mil na casa de alguém, em caixas de papelão, trata-se de um complicador.
O prefeito de Camaçari teve por parte da imprensa baiana toda a cobertura possível e direito de defesa, em alguns casos com profissionais desse segmento se posicionando firmemente em seu favor, então não se pode agredir jornalistas sob quaisquer pretextos, nem muito menos querer enfiar goela abaixo da opinião pública, a inocência de Luís Caetano com versões diferenciadas no exposto pelas investigações da PF, com determinação do STF.
Agora que retornou ao município, depois de uma fanfarra que só fez levantar mais poeiras de suspeitas, uma vez que carreatas, foguetes, camisetas, ônibus alugados, faixas, cartazes, têm custos e o povo "espontâneo e unido" não arca com essas despesas, o prefeito tem tempo, cautela, bom senso e saberá conduzir sua defesa com serenidade.
Feita a defesa e estabelecendo-se a inocência, aí sim, o prefeito deve seguir adiante com os meios jurídicos à sua disposição, para acionar aqueles que mancharam a sua imagem de homem público.
Querer atropelar a ordem dos fatores, partindo-se logo para processar a PF, etc, como divulgado por sua assessoria e seus advogados é por o carro à frente dos bois.
No Brasil, tivemos um exemplo recente dessa situação, quando o então procurador Luis Francisco de Souza investiu de forma inquisitorial o então secretário Geral da Presidência da República, época do presidente FHC, Eduardo Jorge, o qual, reagiu no plano jurídico e, recentemente, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), puniu o procurador com 45 dias de suspensão. Um fato inédito. Mas, fez-se a reparação, ainda que sete anos depois.
Então, voltando ao caso de Luís Caetano, até para que ele possa ter acesso aos meios de comunicação com civilidade e retorne a dirigir seu município com a cabeça erguida, oportuno será que haja com serenidade e não deixe que seus auxiliares, mesmo os mais apaixonados queiram transformá-lo num santo antes da hora.
Processos dessa natureza demoram anos e, apesar do estrago que a prisão causou à sua imagem com reflexos no PT, não se deve subestimar a Justiça, nem confundir a opinião pública com versões santificadas.