Foi dada a largada para a sucessão do prefeito João Henrique, em 2008. Existem cinco candidatos com potencial de vitória.
Almoço na residência de veraneio do deputado estadual e novo presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo (PSDB), realizado no último sábado, 3, reuniu uma parcela significativa das lideranças políticas baianas e, à par da degustação dos petiscos e do churrasco à mancheia que rolou para 300 a 350 talheres, o que mais se conversou além das comemorações em torno da vitória do anfitrião para presidir a AL, foi sobre a sucessão municipal em Salvador, 2008. Diria até que foi o almoço da largada, pois, lá estavam quase todos os candidatos, a exceção do PFL.
Sentaram-se à mesa, não necessariamente nessa ordem ou em conversas de bastidores, o prefeito João Henrique (PDT), que já se declarou candidato à reeleição, os ex-prefeitos Antonio Imbassahy (PSDB) e Lídice da Mata (PSB), e os deputados federais Nelson Pelegrino (PT) e Gedel Vieira Lima (PMDB), todos candidatos a candidato em 2008. Esse é o time que vai entrar em campo, no próximo ano, na disputa pelo comando da Prefeitura acrescido do candidato do PFL, estima-se que o deputado José Carlos Aleluia e/ou João Carlos Bacelar, e mais os nanicos ainda não definidos, com a possibilidade de Raimundo Varela e apoio da Igreja Universal.
Desse conjunto o único que já assumiu sua candidatura foi João Henrique, o qual, apesar de passar por um momento de desgaste de sua imagem e ter conduzido a Prefeitura à situação de grande dificuldade financeira, não será um peixe morto na sucessão (salvo se a legislação for modificada e não permita que ele concorra ao pleito) visto que sabe fazer política, é profissional do ramo e direcionará a máquina administrativa com esse objetivo. Além do que, sendo prefeito terá obras a inaugurar, títulos de posse de terra a conceder e propagandas institucionais previstas em lei na TV, tudo à sua volta.
O ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB) tem a seu favor o fato de ainda estar viva na memória da população seus dois períodos de governo (1997/2001 e 2001/2004), de grandes transformações na cidade, mas sofre por se situar num partido com pífia estrutura, além do que, se posiciona (pelo menos até agora) numa oposição moderadíssima em relação ao atual prefeito, o qual, está sempre a criticá-lo. Imbassahy deverá assumir a presidência do PSDB ainda este ano e pode ser que mude de postura, imprimindo um ritmo mais firme nas suas posições políticas e seja conduzido à campanha já.
Outro problema a ser enfrentado por Imbassahy está diretamente relacionado com a administração de João Henrique na medida em que, o vice-prefeito, Marcelo Duarte, é do PSDB, e o secretário da Infra-Estrutura e de Transportes, Nestor Duarte Neto, é, hoje, o interlocutor mais próximo do prefeito, àquele que se posiciona nos momentos mais difíceis da atual gestão. Vale recordar que Nestor Neto e Arnando Lessa, hoje, secretário de Esporte, foram os tucanos que primeiro aderiram à campanha de João, em 2004, e ninguém sabe como se posicionarão em 2008. No PSDB comandado por Imbassahy/Jutahy ou ao lado de João, em dissidência?
Só o tempo é quem vai dizer como o PSDB se alinhará em 2008. Por hora, Imbassahy não diz que é candidato. Esteve no programa MK, na Metrópole, e não foi claro quando a esse posicionamento. Mas também não desmentiu o que mostra que é candidato.
A ex-prefeita Lídice da Mata (1993/96) também não revela sua candidatura pelo PSB, até porque, sendo aliada de João Henrique não cairia bem, nesse momento, falar assim de forma direta. Além do que, como ela conhece o temperamento do prefeito teme que os seus afilhados na Prefeitura sejam demitidos. Lídice fez uma administração sofrível, mas, com o passar dos anos, a população foi perdoando seus atos e a acolheu, novamente, numa fantástica recuperação de imagem fazendo com que ela se transformasse na deputada federal mais votada na capital. Daí, então, que acenos socialistas têm sido dirigidos em sua direção no sentido de que abrace a candidatura a prefeita para, quem sabe, se eleita, redimir-se dos seus pecados com a capital.
Pesou muito a favor de Lídice o fato do seu posicionamento contra o senador ACM, na década de 1990 muito poderoso, o qual, na visão dos marketeiros da ex-prefeitura boicotou sua administração. De certa forma, isso colou junto ao imaginário da população, Lídice se transformou numa vitima, limpou seu filme como se diz no popular, e está, novamente, pronta para disputar o Tomé de Souza.
Outro que vê suas chances melhorarem substancialmente é o deputado federal Nelson Pelegrino (PT), três vezes candidato derrotado desde 1996, mas, tal como o presidente Lula da Silva, ou inspirado nele, persistente e voraz trabalhador. Diria mesmo que, se os governos Lula e Wagner forem medianamente bem avaliados em 2007/meados de 2008, Pelegrino teria, finalmente, a chance de ser prefeito. Óbvio que precisa encontrar um homem de marketing melhor do que os anteriores de suas campanhas e trabalhar tal Wagner, em 2006, num esquema de voto casadinho.
O caso de Gedel é um pouco mais complicado, pois, à exemplo de ACM Neto sonha mais alto e quer ser governador da Bahia, em 2010, ou no mais tardar em 2014. Gedel vive um momento de ascensão na política e no poder, foi um dos deputados mais votados da Bahia, tem um partido estruturado no Estado e poderá ser ministro de Lula, brevemente. Mas, que ninguém descarte sua candidatura a prefeito de Salvador visto que, o PMDB, como partido não se isolaria numa disputa tão importante para sua sobrevivência. Pode também compor com Pelegrino, indicando um vice e formando uma chapa fortíssima, em 2008.
Já o PFL, que enfrenta um momento de baixa, em tese teria ACM Neto como fortíssimo candidato, mas, sem chances de vitória em segundo turno dado que as alianças se formariam em bloco contra ele. Há, a possibilidade do deputado federal José Carlos Aleluia disputar o pleito, o que seria bom para elevar os debates, porém, Aleluia sempre teve baixa densidade eleitoral em Salvador. Outro nome do PFL é o deputado estadual João Bacelar, que já foi presidente da Câmara de Vereadores, conhece bem a capital, e entraria para compor o cenário, tal como César Borges, em 2004. O PFL não será competitivo nas próximas eleições em Salvador, salvo, obviamente, se houver uma catástrofe no governo Wagner.
Quando a Varela, trata-se de uma incógnita, porque não tem partido e os grandes (PFL/PMDB/PT) não darão vez a ele. Pode disputar por um nanico, o que parece pouco provável, embora esteja se articulando para isso. Salvador já experimentou uma administração de radialista/populista, com Fernando José (PMDB), entre 1989/92, que resultou num desastre. Ninguém quer que essa experiência se repita. Mas, verdade seja dita, Varela é popularíssimo e toda vez que os institutos de pesquisa analisam o quadro pré-eleitoral ele pontua bem, acima dos 20%. É, portanto, um nome que não pode ser descartado.
Esse é o quadro preliminar que poderá sofrer pequenas alterações daqui por diante, mas, nada que seja significativo para mudar. A sucessão municipal de 2008 ganhará fôlego no segundo semestre deste ano, isso ninguém tenha dúvida. As brasas do churrasco de Marcelo Nilo deram apenas o primeiro aquecimento.