Tudo certo para a primeira saída do Olodum neste Carnaval, próxima sexta-feira, dia 12 de fevereiro, a partir das 20h30, no Pelourinho. Animados por uma bateria de cerca de 100 percussionistas, os três mil integrantes do bloco invadem a avenida para fazer uma homenagem tripla: à Índia, ao Brasil e à África do Sul. A sexta será dedicada à Índia. Os participantes vestirão abadás especialmente confecionados para o dia, reverenciando a milenar cultura indiana, fazendo uma homenagem ao Taj Mahal, entre outros símbolos do país.
O ponto de partida do desfile da sexta-feira será, como de hábito, a Rua das Laranjeiras. Depois, o bloco percorre outras ruas do Pelourinho, seguindo finalmente no sentido Campo Grande. Uma parada estratégica acontecerá em frente à sede do Olodum, na Rua Gregório de Mattos, onde estarão reunidos convidados especiais e autoridades.
O Olodum desfilará ainda no domingo (Barra), homenageando o Brasil, e na terça-feira (Centro), enfocando a África do Sul. Este ano, a participação do Olodum no reinado de Momo tem como principal motivação à comemoração de um marco: faz 30 anos que o bloco realizou o seu primeiro desfile no Carnaval baiano.
Pouco conhecido no Ocidente, o dr Ambedkar é adorado e reverenciado pelos "intocáveis" na Índia. Não há "intocável" que não tenha, em casa, uma fotografia sua, posta em lugar de honra. E não é pra menos: ele fundou o primeiro partido político de "intocáveis", presidiu a Assembléia Constituinte quando da independência da Índia, e foi o principal redator da nova constituição.
Ramji Ambedkar era um "intocável" também, fazia parte do contingente humano que os textos sagrados definem como "a poeira aos pés de Brahma", aqueles que nascem "impuros", não podem beber do mesmo poço que os integrantes das castas, nem tocá-los, mesmo com sua sombra. Desafiando todas as probabilidades, conseguiu estudar, e através de bolsas, doutourar-se pela Universidade de Columbia e pela London School of Economics.
Voltou à Índia em 1923, tornou-se líder dos "intocáveis" e, como Gandhi, mas através de propostas diferentes, lutou pela conquista de seus direitos políticos. Um dos momentos mais célebres de suas campanhas foi quando, no final de um comício, depois de um discurso caloroso e apaixonado, queimou um exemplar das leis de Manu, código anterior a Cristo, que dispõe sobre as castas, determinando os direitos e deveres de cada uma delas.
A ruptura entre Ambedkar e Ghandi se deu através das soluções conflitantes que ambos apresentavam para a causa dos intocáveis. Ambedkar acreditava que só seria possível integra-los plenamente através da destruição do sistema de castas, o que implicava em separar a vida civil da vida religiosa.
Certo de que nenhum candidato intocável venceria uma eleição aberta a todas as classes, propôs que os párias constituíssem um eleitorado à parte: na disputa por um cargo público, intocáveis seriam eleitos por intocáveis. Desse modo, eles teriam sempre representatividade garantida no governo indiano.
Gandhi sentiu o hinduísmo ameaçado, e se opôs tenazmente à idéia, acreditando que a integração dos intocáveis não necessitava de soluções laicas para tornar-se real. Podia ser feita sem necessidade de ferir os princípios do hinduísmo. Ele próprio fundou um ashram (templo) que compartilhou com intocáveis, e chegou a adotar, como filha, uma menina intocável.