Os avanços no tratamento do câncer têm melhorado significativamente a sobrevida à doença. No entanto, estes pacientes, após o tratamento, têm tido um risco de mortalidade 2-5 vezes maior devido a doenças cardiovasculares do que a população em geral. Assim, nos últimos anos a cardiotoxicidade em oncologia tem sido objeto de inúmeros estudos com vistas a determinar precocemente efeitos colaterais cardíacos e poder intervir.
É sobre estes marcadores que o cardiologista Dr. Flávio Cure, responsável pelo serviço de Cardio-oncologia da Rede D’Or, vai abordar em sua palestra "Atualização de drogas cardiotóxicas no tratamento do câncer" (17/08) no III Congresso Internacional de Cardiologia da Rede D’Or, que acontece de 15 a 17 de agosto, no hotel Windsor Oceânico, na Barra da Tijuca.
O principal avanço é o uso de novos marcadores para o reconhecimento e tratamento precoce da cardiotoxicidade causada pelas medicações no tratamento do câncer de mama e câncer hematológico, como: PCR, BNP, troponina e procalcitonina.
“O PCR, por exemplo, indica a presença de infecção ou inflamação. O BNP indica descompensação cardíaca, a troponina acusa irritação do miocárdio e, por fim, a procalcitonina pode indicar infecção bacteriana ou não”, explica Dr. Cure.
Como o tratamento oncológico age no coração?
A toxicidade pode afetar diretamente as estruturas musculares importantes do coração ou indiretamente, através do aumento de eventos trombogênicos e alterações hemodinâmicas que afetam o fluxo sanguíneo.
Entre os efeitos cardiovasculares em pacientes em tratamento contra o câncer estão a cardiomiopatia, a insuficiência cardíaca, a taquicardia, entre outros.
Segundo Dr. Flávio Cure, é necessário um tratamento multidisciplinar em parceria com o oncologista para evitar e monitorar possíveis efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida do paciente.
“Entre os medicamentos usados no tratamento do câncer de mama e hematológicos, sabe-se que as antraciclinas são um grupo de antibióticos cuja cardiotoxicidade continua sendo um dos principais fatores limitantes de seu uso”, alerta o médico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), estudos mostraram que de 63.566 pacientes com câncer de mama, cerca de 15% dos óbitos ocorreram por causas cardiovasculares oito anos após o tratamento oncológico. Já a morte em decorrência do próprio câncer foi responsável por 15,1% dos óbitos analisados. A morte por problemas cardiovasculares é mais incidente em mulheres que descobriram a doença em estágio mais avançado e naquelas acima de 75 anos.
No dia 16 de agosto, Dr. Cure participa da conferência "Paciente oncológico na emergência: Como conduzir?".
“O paciente oncológico apresenta febre, náuseas, vômitos, constipação, incapacidade de ingestão alimentar, dispneia e dor. Na prática as quatro principais urgências oncológicas são: hipercalcemia, que pode causar confusão mental, a síndrome de compressão medular, que gera dor de difícil controle, a síndrome da lise tumoral, que gera distúrbios metabólicos podendo levar à lesão renal, e a neutropenia febril, que pode causar anemia. E precisamos ficar atentos para intervir precocemente”, explica o cardiologista.
O III Congresso Internacional de Cardiologia da Rede D’Or acontece de 15 a 17 de agosto, no hotel Windsor Oceânico, na Barra da Tijuca. O evento contará com a participação de grandes especialistas da área de cardiologia para debater diferentes temas e inovações do setor.
Mais informações: https://www.congressocardiologiador.com/