Saúde

QUEDAS SÃO A TERCEIRA CAUSA DE MORTALIDADE ENTRE IDOSOS

Acidente com o ex-presidente FHC, que quebrou o fêmur e passou por cirurgia, traz à tona a importância de aumentar o cuidado para evitar o problema
Litiane de Oliveira , Salvador | 17/03/2022 às 16:42
Quedas são a terceira causa de mortalidade entre idosos
Foto: Divulgação

As quedas são a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil, e 70% delas ocorrem dentro de casa. Na semana passada, um acidente envolvendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de 90 anos, que quebrou o fêmur e passou por cirurgia, após uma queda em casa, chamou atenção para a importância de prevenir o problema.


As quedas podem ter grande impacto na vida do idoso, trazendo consequências graves (como fraturas, internações, redução da independência, depressão e morte). Dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos caem ao menos uma vez por ano, e cerca de 25% dos que caem precisam ser hospitalizados. Entre esses, apenas metade dos casos resultam em óbito após até um ano do acidente. Por todo esse cenário, melhor a fazer é evitar que a queda aconteça.


A geriatra da S.O.S. Vida de Salvador, Fernanda Reis, afirma que de forma abrangente, as quedas em idosos podem alavancar uma “cascata de prejuízos”, com uma consequência que pode levar à internação hospitalar (como uma fratura), cirurgias, necessidade de reabilitação com longos períodos acamados, tendo como resultado a perda de autonomia do paciente.


A média indica que a atuação da família é fundamental na prevenção do problema, em especial quando se pensa nos fatores externos e ambientais que podem causar queda.


“Em casa, algumas adaptações como a colocação de barras de segurança nos banheiros, retirada de tapetes ou uso apenas de tapetes antiderrapantes, adequação do acento do vaso sanitário, que as vezes é muito baixo para os idosos, gerando dificuldade para ele levantar, retirada de mesas e móveis baixos de ambientes de circulação, cuidado com fios e iluminação dos ambientes, em especial à noite, são pontos a se observar”, completa.


De acordo com a geriatra Byanca de Oliveira Souza, que também atua na S.O.S. Vida, no trabalho em home care, a prevenção de quedas com os pacientes idosos segue alguns pontos, como a revisão constante das medicações, a adequação do ambiente doméstico para minimizar riscos, a indicação de calçados adequados, além do trabalho de fisioterapia, quando indicado.

Cartilha e apoio da família


Informação também é um fator essencial na prevenção de quedas no domicílio dos idosos. Pensando nisso, a S.O.S vida elaborou uma cartilha que será distribuída pela equipe para pacientes, cuidadores e familiares, com diversas orientações de como evitar o problema.


Atividade física


A geriatra que atua na S.O.S. Vida de Aracaju, Luana Brandão, diz que atividade física para o ganho de força muscular é um grande aliado na prevenção de quedas.


“A perda de massa muscular é um motivo importante do aumento de quedas ao longo da vida. O exercício, aliado a uma alimentação rica em proteínas, é um dos principais fatores para lidar com isso. É importante, porém, que a pessoa comece a fazer atividade física o quanto antes, pois dificilmente uma pessoa jovem que não tem esse hábito vai adquirir ele na terceira idade”, reforça a médica.


Cuidados gerais


Alguns pontos podem reduzir o risco de quedas e acidentes:


·        Manter uma boa iluminação em todos os cômodos da casa e uma luz na entrada principal da residência;


·        Evitar limpar o chão com produtos que deixem um acabamento escorregadio; 


·        Fazer exames regulares de visão e de audição;


·        Usar sapatos com saltos largos e calcanhares reforçados para evitar que o pé se movimente. É muito importante evitar o uso de chinelos ou andar de meias. O uso de sapatilhas confortáveis, fechadas e antiderrapantes é o mais indicado;


·        Colocar protetor de borracha nos pés das cadeiras para que elas não escorreguem ao sentar; 


·        Usar sempre que necessário bengalas e outras proteções que facilitem a marcha, tornando-a mais segura; 


·        Revisar o uso de medicações que podem causar sonolência e tonturas;


·        Fazer acompanhamento médico regular;


·        Preferir os móveis com os cantos arredondados ou com protetores;


·        Um cuidado especial também deve ser dado a quem tem animais domésticos, pois podem enroscar-se nas pernas ou pular sobre os donos, tirando-lhes o equilíbrio.