Situação complicada ao redor do mundo
Globo , SP |
01/02/2016 às 18:07
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, fala a jornalistas nesta segunda-feira
Foto: AFP
A disseminação do zika vírus e sua provável ligação com casos de microcefalia tornaram-se uma emergência de saúde pública internacional, declarou nesta segunda-feira (1º) a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa em Genebra, depois da primeira reunião do Comitê de Emergência sobre zika vírus da OMS.
O grupo foi convocado na semana passada, quando o órgão demonstrou preocupação com a “propagação explosiva” do vírus e estimou que o número de casos nas Américas pode chegar a 4 milhões este ano.
Segundo Margaret Chan, diretora-geral da OMS, o Comitê de Emergência considerou que o aumento de casos de microcefalia e outras complicações neurológicas no Brasil e também na Polinésia Francesa e sua possível relação com o zika vírus consistem em uma situação extraordinária e uma ameaça para a saúde pública de outras partes do mundo.
A OMS afirmou que é necessária uma resposta internacional coordenada para fazer frente ao zika. Margaret Chan disse que a falta de vacina e testes confiáveis, além da falta de imunidade na população de países afetados recentemente são fatores de preocupação.
Relação entre zika e microcefalia
A diretora-geral da OMS disse ainda que uma possível relação causal entre o vírus zika e o aumento de malformações e complicações neurológicas é "fortemente suspeita, porém ainda não comprovada cientifícamente" e que é preciso garantir esforços internacionais para investigar essa correlação.
Apesar de ainda não haver uma prova científica de que o zika seja a causa do aumento de casos de microcefalia, Margaret Chan enfatizou a importância de as medidas preventivas serem tomadas desde já e não esperar até que as evidências científicas sejam conclusivas.
"Existe uma associação temporal e geográfica. Quando isso for comprovado, queremos assegurar que todas as medidas de prevenção já tenham sido tomadas", disse David L. Heymann, presidente do Comitê de Emergência, durante a coletiva de imprensa.
Heymann acrescentou que os estudos capazes de comprovar a relação entre zika e microcefalia são muito complexos e podem levar tempo, pois envolvem comparar grupos em que houve microcefalia e grupos controle, em que não houve a malformação. Algumas iniciativas de estudo com esse objetivo já estão em curso.
O encontro do Comitê e Emergência começou pouco antes das 11h15 (de Brasília). Foi uma conferência telefônica entre oito especialistas, diretores da OMS e 12 representantes dos Estados membros, incluindo o Brasil, país mais afetado.